São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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Cindy S.A.

DO "EL PAÍS"

Aos 29, ela é a modelo que mais ganha dinheiro no mundo. Em 1994, embolsou US$ 6,5 milhões, bolada que veio dos anúncios para Pepsi e Revlon e do programa de moda "House of Style", que apresenta na MTV. Cindy, que acaba de se separar do ator Richard Gere depois de três anos de casada, mostra aqui que patrimônio e imagem para ela, são uma coisa só
-De acordo com a revista "Forbes", você faturou US$ 6,5 milhões em 1994. Qual a sensação de ser uma indústria?
-Quer dizer que vamos começar a entrevista discutindo, hein? (Risos) Na verdade, não penso muito sobre isso. Quando penso, é só como um trabalho, um meio de vida. Compreendo aquilo que o nome Cindy Crawford representa. E é por isso que procuro só fazer coisas que não destoem de minha imagem.
-Por exemplo?
-Jamais aceitaria certas propostas de trabalho que não combinam com aquilo que sou ou com aquilo que quero que Cindy Crawford signifique. Como sou muito ligada à área das dietas e da beleza, por exemplo, nunca farei propaganda de cigarros. Procuro ser fiel à minha imagem.
-Mas, voltando à primeira pergunta, qual é a sensação?
-A sensação? Repito, é o meu trabalho, não perco tempo com isso. Porque se eu pensasse muito sobre a imagem que criei, acabaria ficando louca.
-Quando você encontrou seu ex-marido, o ator Richard Gere, pela última vez?
-Não quero falar sobre isso. Nós já anunciamos nossa separação e é verdade que não estamos mais juntos. Assim como era verdade que estávamos juntos antes, quando éramos casados.
-Ok, mas quando você falou com ele pela última vez?
-Não quero falar sobre isso também.
-Posso perguntar o que você pensa de Laura Bailey?
-Quem?
-Aquela belíssima loura inglesa, com ar virginal, que tem sido vista com Richard Gere nestes últimos dias.
-Não a conheço. Portanto, não tenho nenhuma opinião.
-Você parece defender sua privacidade. Mas há uma contradição aí: por que em 1993 você e Gere compraram uma página inteira no jornal "New York Times", coisa de US$ 35 mil, para anunciar que estavam bem, juntos, que ainda eram marido e mulher? Isso também não seria privado?
-Já faz tempo... Fizemos isso para responder a perguntas. Diziam coisas desagradáveis sobre nossa sexualidade e inventavam que estávamos separados. Queríamos calar certas bocas.
-Você vai virar amiga de seu ex-marido?
-Com certeza. Mas quero mudar de assunto, de verdade.
-Dizem que seu sucesso é decorrente da credibilidade que você passa ao vender um produto. Concorda?
-Sim. Isso é devido às minhas escolhas. Quando aceito fazer parte de uma campanha publicitária, é porque acredito no produto. Sempre usei maquiagem da Revlon, cresci bebendo Pepsi, a MTV criou minha geração... O público não é estúpido. Se eu vendesse algo em que não acredito, todos perceberiam.
-Você tem algum ídolo?
-Sigo um modelo diferente para cada coisa. Mas, no geral, admiro quem tem paixão pelo que faz. Minha mãe, por exemplo, adorava ser mãe. Mesmo não sendo exatamente uma profissão, ela amava seu trabalho, cuidar de crianças. Eu gosto das pessoas que parecem felizes com o próprio trabalho. E que o fazem com entusiasmo. Mas não conheço ninguém com quem gostasse de parecer. Eu mesma sou tantas...
-Num dos comerciais da Pepsi, você sorri usando um aparelho nos dentes. Não pegou mal para sua imagem?
-Não. Na verdade, me diverti tanto que no dia seguinte ao das gravações fiz uma brincadeira. Apareci na revista "Vogue" com o aparelho. Quando sorri, os fotógrafos, o redator, todos levaram um choque. Eu disse: "Ah, vocês não sabiam? De agora em diante devo usar isso".
-Não é muito chata a vida de modelo?
-Sim, em algumas coisas.
-Quais?
-Quando se viaja tanto, é difícil ter amigos. Outra coisa: sou muito ligada a minha família e não consigo vê-la sempre que quero. Tudo bem, agora a minha irmã Danielle veio morar comigo por quatro meses e isso é muito bom, mas é uma exceção. Também vejo pouco meus amigos de Nova York. Este trabalho me obriga a passar uma semana lá, outra em Los Angeles, outra em Paris ou em Milão. Nunca fico parada. Pensando bem, o que me falta mesmo é um lar.
-Você é insuportavelmente norte-americana. Mas quais são as raízes de sua família? -Um pouco inglesa e um pouco alemã. É tudo que sei.
-Como nove entre dez top models, você também vai tentar carreira no cinema?
-Isso mesmo. Agora mesmo estou filmando em Miami. É minha estréia diante das câmeras.
-O que você está gravando?
-O nome do filme é "Fair Game". É de ação e eu faço o papel de uma advogada que tem uma história com William Baldwin, que é um policial. Uma relação na qual a gente não se dá bem, apesar de se amar muitíssimo. Ele tenta salvar minha vida porque querem me assassinar. É um filme divertido, cheio de fugas e perseguições. E Miami é magnífica. -Bem original. De agora em diante, você se dedicará somente ao cinema?
-Não sei. É uma experiência. O cinema toma muito tempo e é cansativo. Por outro lado, é excitante gravar um filme. Não sei mesmo, estou pensando.

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