São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995 |
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Saiba calcular o preço de venda
NELSON ROCCO
Se a venda resultasse em lucro, ótimo. Caso contrário, o ganho viria das aplicações financeiras. O real colocou um ponto final nessa prática e está fazendo com que os empresários parem para refazer as contas. "Com a estabilização da economia houve uma transformação na forma de cálculo dos preços", diz Luiz Maurício de Andrade Silva, 38, consultor do Sebrae-SP (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo). Para chegar ao cálculo é necessário levantar custos fixos e variáveis. Fixos são os gastos indiretos, que não variam conforme a quantidade produzida, como aluguel, salários dos funcionários, encargos sociais sobre salários e pró-labore. Além disso, é preciso somar honorários do contador, depreciação de máquinas e equipamentos, despesas com propaganda, luz, água, telefone e IPTU. Os custos variáveis incluem o valor gasto com matérias-primas, impostos sobre as vendas -ICMS, ISS e IPI-, comissões, transportes e fretes, salários e encargos de funcionários horistas. Para calcular o preço de venda existem duas abordagens: pelo rateio direto dos custos ou levando-se em conta a margem de contribuição dos mesmos. No primeiro caso, deve-se pegar o valor dos custos fixos e dividir pela quantidade prevista de vendas. O resultado deve ser somado aos custos variáveis e o total, somado à margem de lucro desejada. Kurt Ernest Weil, 70, professor do departamento de produção e operações industriais da FGV (Fundação Getúlio Vargas), diz que se a empresa tem apenas um produto, o rateio é simples. Empresas com vários itens devem fazer o rateio dos custos de acordo com as vendas. "O produto que vende mais pode carregar mais custos em sua planilha." Andrade Silva afirma que o critério de margem de contribuição permite resultados mais eficientes. Para isso, deve existir uma relação entre custos fixos e faturamento. Essa relação, explica o consultor, é determinada pela divisão do fixo pelo faturamento. Segundo Andrade Silva, há um parâmetro instituído entre contabilistas de que o fixo deve oscilar entre 5% e 40% do faturamento. "O ideal é que o fixo não represente mais de 5%. O sofrível é quando chega a 40%." Por esse critério, para se chegar ao preço de venda (veja quadro ao lado), deve-se dividir o custo variável pela diferença entre 100% e a margem de contribuição somada com a margem de lucro. A margem de lucro líquido de uma empresa (em relação ao faturamento) varia em cada setor. Andrade Silva diz que uma margem "razoável" varia de 5% a 20%. Vito Carrieri, 40, consultor da Martinovich & Rudner, diz que o lucro "é um dinheiro da empresa e serve para reinvestimento no próprio negócio". Segundo ele, o percentual de lucro é determinado "em função dos preços praticados pelos concorrentes, levando em conta as necessidades da empresa". Próximo Texto: Loja corta lucro e preço Índice |
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