São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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O aloprado Ronald Golias volta a brilhar e incomoda a concorrência

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Ronald Golias ressuscitou. Mas ainda não sabe. Como o norte-americano Jerry Lewis, o comediante paulista vive um momento especial na carreira de quase 45 anos.
O pai do anárquico Bronco é hoje o Chico Anysio do SBT. Há dois meses, está no ar diariamente com índices de audiência que, por vezes, superam os da Globo.
Aloprado, careteiro, faz rir crianças e cinquentões. Lembra muito Jerry Lewis -que amargou duas décadas de ostracismo e, agora, volta a brilhar na Broadway como protagonista do musical "Malditos Ianques".
"Ressuscitei, é? Se vocês estão falando, acredito. Mas não percebo nada de diferente", diz Golias, 65, com sincera surpresa. "Para mim, as coisas quase não mudam; me comporto em cena como se fosse sempre a primeira vez. Carrego a angústia dos principiantes, aquela sensação de que não posso, nunca, deixar de caprichar."
Todas as tardes, o humorista comanda a "Escolinha do Golias". O programa, que se parece com o do professor Raimundo, nasceu em 1957 na TV Rio.
O SBT resolveu regravá-lo há cinco anos. Fez 30 novos episódios, que exibiu à noite com relativo sucesso.
Desde fevereiro, reprisa-os às 17h no lugar do enlatado "Chaves". Não sabe quando vai tirá-los de circulação porque, desta vez, o sucesso é indiscutível. A "Escolinha" registra audiências médias de até 13 pontos na Grande São Paulo. O índice traduz-se em 1,3 milhão de telespectadores -quase o dobro do que "Chaves" alcançava, de acordo com o DataIbope.
Golias volta à carga nas noites de sábado. Traveste-se de profeta árabe e rouba a cena em "A Praça É Nossa". Faz um quadro curto, mas impagável, que ajuda a explicar a boa audiência do programa.
No ar desde 1987, a "Praça" costuma figurar entre os três produtos do SBT que mais agradam o público. Há um mês e meio, por exemplo, atingiu média de 20 pontos (2 milhões de telespectadores) em São Paulo.
Bateu a Globo, que ficou com 1,8 milhão de telespectadores no horário (22h30 às 23h30), enquanto exibia os minutos finais da "Escolinha do Professor Raimundo" e o começo do "Supercine".
Recentemente, a "Praça" assustou de novo a concorrência. Cravou média de 21 pontos (2,1 milhões de telespectadores) no último dia 11 e empatou com a Globo.
Engana-se quem pensa que as piadas marotas de Golias durante o programa seduzem apenas o "povão". Levantamento do Ibope aponta que, em agosto do ano passado, 21% do público de "A Praça É Nossa" na Grande São Paulo pertencia às classes A e B.
A cifra não está muito longe das que a mesma pesquisa reservou para o "TJ Brasil". Em agosto, entre os espectadores do telejornal, 25% eram das classes A e B. O "Programa Livre" apareceu com parcela semelhante: 27%.
Quanto à faixa etária do público que acompanha a "Praça", nova surpresa. A pesquisa indica que 41% tem menos de 25 anos. No "Programa Livre", voltado para os adolescentes, o índice é de 46%.
"Vejo o Golias sempre que posso", afirma o empresário Mario Amato, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria). "Quando ligo a televisão e dou com ele no vídeo, não troco de canal."
O músico Pericles Cavalcanti, parceiro de Caetano Veloso, faz coro: "Acompanho Golias há anos. Gosto daquele humor pantomímico, físico. É, sem dúvida, um dos maiores cômicos do Brasil."

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