São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gabi aposta no prestígio

SÉRGIO DÁVILA
DA REVISTA DA FOLHA

No primeiro dia de "Marília Gabi Gabriela", na última segunda, na CNT, a apresentadora não ousou, foi no certo. Optou pelo prestígio.
Pelo menos quanto aos convidados. Abriu com o grupo de sucesso Araketu (que fechou o programa), emendou com Ruth Cardoso, Nelson Piquet e os medalhas de ouro da natação brasileira.
Prestígio aliás que a levou à emissora (além do milhão de dólares anual). Porque Gabi nunca foi exatamente uma campeã de audiência -e os dois pontos de Ibope na estréia confirmaram isso.
Prestígio, por fim, demonstrado pela entrevista inicial, com a sempre arredia primeira-dama. Em conversa esclarecedora, mostrou-se uma mulher interessante que, de verdade, o país não conhecia.
Experiente em outras áreas, Gabi debuta no perigoso formato do talk show. Em sete anos de tentativas similares na TV brasileira, o único que vingou foi Jô Soares.
Tomem-se, por exemplo, excrescências como os extintos shows de Clodovil Hernandez, Monique Evans e Elke Maravilha. E os atuais de Bob Coutinho e João Kleber.
Este último, aliás, ainda no ar na própria CNT. Gabi promete ser a primeira de uma bem-vinda mudança na programação. Até agora, porém, é caviar espremido por canapés mofados.
O formato de "Gabi" é bastante parecido ao de Jô -comparação inevitável. Estão lá a platéia de estudantes, as atrações musicais, o fundo azul, a decoração despojada.
Até um "Derico" Gabi arranjou -na questionável figura da DJ Tonica, que "comenta" as entrevistas com músicas. Na estréia, Ruth Cardoso mereceu "Aquarela do Brasil"; o piloto Nelson Piquet, "Eu Sou Terrível".
Mas alguns diferenciais já apontam um caminho interessante. A opção pelo jornalismo em detrimento do humor. As câmeras mais ágeis. A segurança da apresentadora.
(O resto é o de sempre, não há muito o que inventar. É assim desde Johnny Carson, passando por Jay Leno e David Letterman, até chegar a Jô Soares).
O desafio é ir além do certo, dos famosos. Levar ao ar também gente desconhecida e surpreendente. É o que dá molho. É o que dá vida -ou morte- a um talk show

Texto Anterior: 'Bandeirantes não pagou meu prêmio'; "'Show do Esporte' trocou hora do VT"
Próximo Texto: Revendo a namoradinha
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.