São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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Revendo a namoradinha

DALMO MAGNO DEFENSOR
ESPECIAL PARA O TV FOLHA

No longínquo 1970, eu mal entrara na adolescência ("aborrecência", segundo certos pais intolerantes), e Regina Duarte frequentava nossa TV Strauss como a Ritinha de "Irmãos Coragem". Era mais uma de suas personagens ingênuas, românticas e boazinhas, como convinha à então "namoradinha do Brasil". Naturalmente o namoro firme virou noivado e acabou em casamento, mesmo porque, naqueles tempos bicudos, tudo no país tinha que ir para a frente e dar certo. E ai de quem não fosse e não desse.
Não sei se foi a "abertura" de Geisel que revelou a oculta incompatibilidade de gênios, mas o fato é que em 80 ela apareceu divorciada em "Malu Mulher". A meus olhos de telespectador e solteiro, era estranho vê-la fora do mar de rosas, e as complicações daquele "começar de novo" pareciam exageradas. Nem tanto, como constatei.
Em 85 voltou a pintar um clima entre ela e a nação, uma "coisa de pele, sei lá", quando Regina fez a mãe de todas as peruas, a improvável viúva Porcina de "Roque Santeiro". A posterior Raquel Accioli, de "Vale Tudo", insultava-me com sua competência: empobrecido pelo preço das fraldas descartáveis, eu fazia novena para ter 10% de aumento, mas ela, ignorante das leis do capitalismo, em poucos meses passou de vendedora de sanduíches a quaquilionária proprietária de restaurantes.
Foi somente no início deste mês, em um restaurante na região da Av. Paulista, que vi Regina de perto pela primeira vez. Conversando baixinho, usando roupa casual e sandálias de borracha, ela parecia nem notar quanta audiência roubava das yuppies arrumadinhas, cheirosas e levemente arrogantes, sentadas às outras mesas. E, feito o leãozinho, saiu arrastando olhares como um imã.

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