São Paulo, domingo, 2 de abril de 1995
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"Não acredito em calendário"

ARMANDO ANTENORE
DA REPORTAGEM LOCAL

Entrevistar Ronald Golias é se embrenhar numa conversa de doidos.
- Quantos anos você tem, Golias?
- Não sei.
- Não sabe?
- Não sei porque detesto calendário. Quem mede o tempo é o nosso corpo.
- Então, de acordo com seu corpo, quanto tempo de vida você tem?
- Pouco, muito pouco.
- Mas, no calendário, pouco significa quantos anos?
- Um a mais que o Silvio Santos.
- E qual a idade do Silvio?
- Difícil dizer. Depende do que o corpo dele sente.
- Estou perguntando de acordo com o calendário.
- Ah, então o Silvio tem 64 anos.
- Portanto, você tem 65?
- É o que diz o calendário, mas quero ver o danado provar.
Durante as quatro horas de entrevista, Golias fumou muito. Às vezes, interrompia a conversa para limpar cinzeiros e divagar. Perguntava: "Minhas histórias estão agradando? De um a dez, que nota você dá?"
Ou, então, fazia afirmações do tipo: "Defendo o controle da natalidade. Em todos os quartos de casal, deveria haver um inspetor do governo. O cara ficaria ali, batendo papo, distraindo a atenção dos cônjuges, reparando se o marido mantém uma distância segura da mulher. É boa idéia, não acha? Um inspetor conjugal..."
A Folha conversou com Golias há uma semana, num prédio dos Jardins, zona oeste de São Paulo, onde mora.
O comediante tem uma filha -Paula, advogada. Foi casado durante 20 anos. Hoje, vive com o pai e o irmão. "Estar solteiro não é tão ruim assim. Você pode sair da cama pelos dois lados."
Golias se dedica também à agropecuária. Possui uma fazenda no interior paulista. "Crio gado de corte e planto uns tomatinhos, uns pezinhos de milho."

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