São Paulo, segunda-feira, 3 de abril de 1995
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Valens dança na corda bamba

INÁCIO ARAUJO
DA REDAÇÃO

Pode-se creditar o sucesso de "La Bamba" (Gazeta/CNT, 20h) ao efêmero "boom" de filmes endereçados ao público latino, que ocorreu nos EUA na segunda metade dos anos 80. Este filme foi, no mais, o ponto alto -em matéria de bilheteria- dessa voga.
O ritmo latino também tem sua parte nisso. Reciclada aqui pelo conjunto "Los Lobos", a música de maior êxito de Ritchie Valens reencontra seu encanto e emplaca pela terceira vez (a primeira foi com ele mesmo, nos anos 50; a segunda, nos 60).
Mas este musical tem um aspecto fartamente convencional. É a enésima vez que podemos ver a mesma história: rapaz pobre batalha que nem louco para sair do anonimato e acaba chegando ao sucesso (este não é o fim da história, em todo caso).
Para chegar ao sucesso, contudo, terá que operar uma operação plástica no nome, que muda de Ricardo Valenzuela para Ritchie Valens. Essa americanização significa uma ferida, sem dúvida.
É dela que provém o aspecto mais interessante do filme de Luis Valdez: as sutis notações sobre os norte-americanos de origem mexicana nos EUA e as durezas de sua vida na corda bamba. Nada que desnature o musical que "La Bamba" é. Mas alguns flashes sensíveis tomados em regiões pobres, espécie de gueto para uma população espoliada.
Não é um dos maiores filmes do mundo, é evidente, mas em sua modéstia "La Bamba" deixa-se ver e, o que conta no caso, ouvir.
(IA)

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