São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Deputado tenta adiar contrato do Sivam

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) pediu ao governo que suspenda por 60 dias a assinatura dos contratos com as empresas que participarão da montagem do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia).
Gabeira diz que, se o pedido não for atendido, vai apresentar requerimento para que a Câmara dos Deputados determine a suspensão do contrato.
O porta-voz da Presidência da República, Sérgio Amaral, ao ser indagado sobre o pedido de Gabeira, limitou-se a responder: "O contrato será assinado quando estiver pronto".
Norte-americano
O deputado baseia seu pedido no fato de que a Esca, empresa que vai controlar a instalação do Sivam, é presidida por um norte-americano, Steve Ortiz.
A Esca foi contratada sem concorrência pública para desenvolver e armazenar a tecnologia operação do Sivam. Ela deve receber entre US$ 120 milhões e US$ 150 milhões pelo trabalho.
O governo justificou a contratação da Esca alegando que o Sivam é um projeto de segurança nacional e que sua tecnologia teria que ser controlada por uma empresa brasileira.
"Não se sustenta mais o argumento do governo de que as informações de caráter sigiloso ficariam sob a responsabilidade de uma empresa nacional", disse Gabeira.
Segundo o Ministério da Aeronáutica, a Esca se enquadra no conceito de empresa nacional.
Sociedade
Ortiz afirma que detém 33% das ações da Esca. O outro sócio, o coronel-aviador da reserva José Monteiro, é dono de outros 33%. A própria empresa ficou com os demais 33%.
A Esca diz que estas ações serão vendidas para outros diretores e funcionários da empresa. Com a atual composição acionária, Ortiz é, na prática, dono de metade da empresa.
Ortiz nasceu no Equador e se naturalizou norte-americano. Ele disse que mora no país desde 74 e é casado com uma brasileira.
"Eu sou mais brasileiro que muitos outros brasileiros". Ele disse que viveu nos EUA por seis antes de vir para o Brasil.
O presidente dos EUA, Bill Clinton, intercedeu junto ao então presidente Itamar Franco para que a Raytheon fosse escolhida, em detrimento da francesa Thomson.
Itamar, meses depois, pediu apoio à Embraer, que participava de licitação do Pentágono.
O projeto
O Sivam é orçado em US$ 1,4 bilhão. A maior parte dos recursos será usada para pagar a empresa norte-americana Raytheon pelo fornecimento de equipamentos.
O sistema de radares e satélites do Sivam irá vigiar os espaços aéreo e terrestre da Amazônia e colher informações sobre recursos minerais, reservas indígenas e biodiversidade (todas as espécies animais e vegetais da área).
Colaborou a Reportagem Local

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