São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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Funcionários da GM entram em greve

DA FOLHA ABCD; DA AGÊNCIA FOLHA EM SANTOS

Os trabalhadores da General Motors, de São Caetano do Sul (14 km a Sudeste de São Paulo), entraram em greve ontem, às 6h. Cerca de 9.500 metalúrgicos estão parados.
Em assembléia realizada às 16h de ontem, eles rejeitaram a proposta de reajuste da empresa e mantiveram a greve.
A GM propôs um aumento de 7,78% mais a reposição do IPC-r acumulado desde julho de 1994, que é de 27,11%.
O IPC-r (Índice de Preços ao Consumidor em real) é o índice criado pelo governo para repor perdas salariais ocorridas após a implantação do real.
Os trabalhadores reivindicam um aumento real de 20%, além do pagamento do IPC-r acumulado.
Abril é o mês de data-base da categoria -quando são concedidos reajustes. Ao contrário da Ford e da Volks, a GM não deu antecipação do reajuste em novembro do ano passado. A montadora de São Caetano produz 500 veículos por dia.
O gerente de relações trabalhistas da GM, Antônio Alcântara, afirmou ontem que, com a continuidade da greve, a empresa deve pedir o julgamento do movimento no Tribunal Regional do Trabalho.
Nas revendas da GM no ABCD, o reflexo da greve foi sentido principalmente no número de consultas sobre preços e prazos de entrega de veículos novos. Ainda não há o temor de desabastecimento.
Na Baralt, em São Bernardo do Campo, houve aumento ontem de 30% no número de consultas em relação aos dias normais, segundo o gerente Ricardo Romão.
"Nosso estoque dá para uns sete dias. Hoje (ontem), nós não conseguimos conversar com a empresa, mas até ontem (anteontem) nossas entregas estavam normais", disse.
O mercado de carros usados foi pouco afetado. "A procura anda baixa", diz Carlos Molina, da Colônias Veículos, de São Bernardo. Os vendedores de usados prevêem maior procura por esse tipo de veículo caso a greve se estenda.
Caminhoneiros
Os caminhoneiros que transportam cargas a granel -produtos que não são embalados- pararam novamente ontem em Santos (72 km a sudeste de São Paulo).
Na semana passada, uma pessoa ficou ferida durante a paralisação e um caminhão foi incendiado.
A Codesp (Companhia Docas do Estado de São Paulo) disse que 18 navios estão parados e nenhum caminhão operou no cais santista.
Segundo a empresa, o prejuízo dos armadores -donos de navios- com a greve foi estimado em mais de US$ 200 mil.
A Polícia Militar de Cubatão (62 km a sudeste de São Paulo) disse que houve tentativa de piquete nos acessos às indústrias de fertilizantes. Não houve conflito.
O sindicato da categoria, que diz ter mais de 1.500 caminhoneiros filiados, decretou a greve em protesto contra o rebaixamento no preço dos fretes de adubo. A paralisação é por 24 horas. Caso as negociações não evoluam, o sindicato prepara nova greve para sexta.
O sindicato defende o custo do transporte de adubo de R$ 3,11 por tonelada. As indústrias de fertilizantes querem pagar R$ 2,45 por tonelada transportada.
O impasse nas negociações acabou afetando o transporte de trigo e enxofre, que também são produtos não ensacados.

Colaborou a Agência Folha em Santos

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