São Paulo, quarta-feira, 5 de abril de 1995
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CUT faz hoje manifestações no país todo contra reformas

CYNARA MENEZES; CLÁUDIA TREVISAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

CLÁUDIA TREVISAN
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras entidades sindicais realizam hoje em todo o país manifestações contra as reformas constitucionais propostas pelo governo, em especial as mudanças na aposentadoria.
É a primeira manifestação nacional contra as mudanças na Constituição. Até hoje, foram realizados atos isolados contra as reformas: uma vigília no Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e um ato na praça dos Três Poderes em Brasília.
A CUT tem 2.249 sindicatos filiados em todo o país. Eles representam 17,6 milhões de trabalhadores, dos quais 5,2 milhões são sindicalizados.
A direção nacional da entidade orientou todas as CUTs estaduais a organizarem manifestações com a seguinte palavra de ordem: "Em defesa dos direitos dos trabalhadores e da cidadania e contra as reformas neoliberais de FHC".
O porta-voz do presidente Fernando Henrique Cardoso, o embaixador Sérgio Amaral, classificou as manifestações de "reacionárias" -o termo foi usado pelo próprio FHC, na semana passada.
Maior protesto
O maior protesto deverá ocorrer em Brasília. Os organizadores acreditam que 20 mil pessoas participarão da manifestação, a maioria trabalhadores da educação.
Só na capital federal, onde foi decidida a paralisação dos professores e funcionários nas escolas públicas e privadas, o setor reúne mais de 35 mil trabalhadores.
Em São Paulo, haverá um ato a partir das 14h na praça da Sé. Um telão instalado no local mostrará vídeos com sindicalistas que contestam números sobre aposentadoria apresentados pelo governo.
Às 17h será realizada manifestação em defesa da Previdência.
O ato de Brasília é organizado pela CUT, CNTE (Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação) e Andes (Associação Nacional dos Docentes no Ensino Superior), entre outras entidades.
São esperados na capital 150 ônibus com professores e outros funcionários de ensino. Só de São Paulo, saíram 49 ônibus com cerca de 2.000 professores.
O presidente da CUT-DF, José Zunga, afirma que não vai haver ajuda de governos petistas aos manifestantes. "A única ajuda solicitada foi de segurança", disse.
Há duas semanas, protesto semelhante em Brasília teve ajuda do governo local (do PT), que comprou alimentos e alojou os manifestantes gratuitamente. Prefeituras petistas também cederam ônibus para o transporte.
Os ônibus com os manifestantes, diz Zunga, serão pagos pelos sindicatos dos trabalhadores no ensino dos Estados. "O movimento sindical tem recursos próprios, não precisa de ajuda do governo", disse Marcos Pato, secretário-geral da CNTE.
As manifestações em Brasília começam às 10h com a concentração de profissionais do ensino em frente ao Ministério da Educação.
Os manifestantes irão em passeata até o Palácio do Planalto e, às 11h30, se juntarão a outras categorias profissionais em frente ao Congresso Nacional.
Às 15h haverá outra concentração em frente à catedral de Brasília. De lá, os manifestantes irão em passeata para o Ministério da Previdência Social, onde se realizará mais uma manifestação.
Segundo o porta-voz do governo, Sérgio Amaral, FHC "considera uma grande precipitação fazer passeatas e adotar uma atitude negativa e mesmo reacionária no sentido de ser contra a mudança em vez de participar de uma discussão e apresentar propostas sobre as emendas constitucionais".
O porta-voz referiu-se aos protestos como "gritos". Para ele, "não é com gritos, palavras de ordem que nós vamos melhorar a vida dos trabalhadores. Precisamos de argumentos e não de gritos".

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