São Paulo, quinta-feira, 6 de abril de 1995 |
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No bom caminho São animadoras as informações divulgadas ontem por esta Folha acerca das negociações entre o governo paulista e o Banco Central sobre o futuro do Banespa. Elas dão conta de que parece estar avançando a tese da privatização. A situação do Banespa de fato é exemplarmente ilustrativa dos perigos, inconvenientes e problemas acarretados pela existência de instituições financeiras estatais. O banco paulista, como seus pares de outros Estados, padece de um pecado original, inafastável, que é a extrema vulnerabilidade a injunções políticas. As últimas gestões do Palácio dos Bandeirantes não poderiam ter mostrado de maneira mais explícita os estragos que sobrevêm quando considerações dessa ordem soterram critérios de natureza técnica. A dívida do Estado de São Paulo para com o seu banco supera hoje a assustadora marca dos US$ 10 bilhões. Nem vale o argumento de que as administrações estaduais não são necessariamente irresponsáveis nesse aspecto - o que é verdade. Porém, a possibilidade sempre existe de que um governador abuse do banco do seu Estado para atender a seus próprios desígnios políticos. Isso para dizer o menos. Particularmente grave é que os efeitos dessa irresponsabilidade se disseminam, afetando mesmo as chances de estabilização do país ao permitir que mandatários estaduais driblem exigências de austeridade. Mesmo que venha a se confirmar a intenção de privatizar o Banespa, é claro que ainda haverá um longo caminho a percorrer. Questões bastante complexas terão de ser enfrentadas, como a dívida do Estado para com o banco e a própria forma da desestatização. Apesar dos obstáculos, o caminho é bom. Resta agora esperar que o governo paulista e o BC perseverem nessa direção. Privatizar o Banespa ofereceria um saudável e especialmente oportuno exemplo para outros Estados, além de eliminar um custoso foco de crises pelo único método realmente definitivo. Texto Anterior: A liberdade do voto Próximo Texto: O jantar da classe de 98 Índice |
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