São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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BB dribla limite de 3 meses no crédito

FIDEO MIYA
DA REPORTAGEM LOCAL

O próprio Banco do Brasil, controlado pelo governo federal, está driblando as medidas de restrição ao crédito baixadas pelo Banco Central desde outubro de 1994, com o objetivo de desaquecer o consumo.
A BB Financeira, subsidiária do banco, está financiando automóveis novos e usados por prazos de até seis meses, o dobro do limite de três meses fixado pelo BC.
O banco financia até 80% do valor e cobra um juro de 9,50% ao mês para carros novos e 10% para usados em prazos de seis meses, segundo cópia de uma tabela da BB Financeira obtida pela Folha.
O artifício jurídico utilizado para driblar as regras do BC é a elaboração de dois contratos, cada um envolvendo três prestações.
A Folha obteve as cópias de dois contratos de financiamento para um mesmo veículo feito pela BB Financeira para um consumidor de Brasília, cliente da revendedora CVP Comércio de Veículos e Peças, de Taguatinga (DF).
Os documentos foram fornecidos sob a condição de que fossem omitidos os dados que pudessem identificar o comprador.
No primeiro contrato, consta o financiamento das parcelas que vencem em maio, junho e julho. No segundo, das prestações de agosto, setembro e outubro.
Nos dois contratos, o carro financiado é o mesmo, já que o modelo, números das placas e do chassi, bem como a respectiva nota fiscal de venda são idênticos.
O BB não é o único banco a utilizar esse artifício. Segundo a Folha apurou, vários bancos privados adotaram esquemas semelhantes para financiar a compra de automóveis e outros bens de consumo duráveis, principalmente microcomputadores, geladeiras, televisores e aparelhos de som.
Mas a atuação do BB sugere que o ministro Pedro Malan, da Fazenda, não está conseguindo impor obediência às regras nem mesmo nas estatais.
No mês passado, o BB transformou as "contas salários" relativas às folhas de pagamento do funcionalismo público e de empresas estatais em "poupança salário".
Trata-se de outro artifício também utilizado por bancos privados para driblar o compulsório sobre depósitos à vista, que é depositado no BC sem nenhuma remuneração. Já o compulsório sobre poupança é remunerado.

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