São Paulo, sexta-feira, 7 de abril de 1995
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Fujimori vence no 1º turno, diz pesquisa

LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

O presidente do Peru e candidato à reeleição, Alberto Fujimori, voltou a crescer nas pesquisas eleitorais. Pesquisa divulgada ontem pelo instituto Apoyo confere a ele 53% das intenções de voto.
Seu principal adversário, o ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuellar, teria 30%, segundo a mesma pesquisa.
Analistas políticos ouvidos pela Folha, no entanto, não dão como certa a vitória de Fujimori ainda no primeiro turno, que será realizado no próximo domingo.
O diretor-adjunto do IIDH (Instituto Interamericano de Direitos Humanos), o argentino Daniel Zovatto, que acompanha o processo eleitoral, declarou à Folha que as pesquisas eleitorais peruanas não são confiáveis.
"Cada instituto dá um número completamente diferente do outro e, além do mais, todos eles erraram nas eleições de 1990, quando Fujimori venceu", afirmou.
Segundo Zovatto, o fato de várias cidades estarem sob estado de emergência também pode alterar o resultado da eleição.
Em terceiro lugar, empatados com 5%, estariam o prefeito de Lima, Ricardo Belmont, e Mercedes Cabanillas, da Apra (Aliança Popular Revolucionária Americana, o partido mais influente no país ao longo do século 20).
Para se reeleger no primeiro turno, o presidente precisaria atingir a maioria dos votos válidos.
Neles, Fujimori aparece com 53%, 56,8%, 58,4% ou 61,6% das preferências, enquanto Pérez de Cuellar teria 21,5%, 23%, 24,8% ou 30%, respectivamente.
O instituto Apoyo, que entre todos os outros tem trazido os piores números para Fujimori, tem sido a principal base para as estimativas da imprensa estrangeira em Lima e os meios de comunicação locais.
Fujimori e Pérez de Cuellar intensificaram suas campanhas, já que hoje é o último dia em que a imprensa peruana está autorizada pela Justiça Eleitoral a divulgar informações sobre os candidatos.
O presidente, que é candidato pelo partido Cambio 90, fez comícios em Piura, no norte do país, região próxima da disputada fronteira com o Equador.
Pérez de Cuellar, da frente União pelo Peru, preferiu dar entrevistas para as TVs locais.
O gesto do presidente foi tomado como uma tentativa de inflamar os eleitores pelo lado cívico, já que no início deste ano o Peru e o Equador entraram em conflito armado por uma faixa da fronteira.
O presidente deveria ter ido ao sul do país, à cidade de Tacna, mas mudou de idéia no último momento, preferindo ir ao norte.
"Fujimori está desesperado porque sabe que sua vitória no primeiro turno ainda não é certa", afirmou à Folha a coordenadora de política do jornal "El Comercio", o maior do Peru.
Segundo ela, o presidente perdeu pontos junto à opinião pública devido a suas "posições vacilantes" com relação ao conflito com o Equador.
Depois de fazer uma campanha considerada fria, Fujimori decidiu se expor mais, na tentativa de ganhar a eleição no primeiro turno.
Ele inaugurou quase uma obra por dia em vários pontos do país e participou de programas políticos de rádio e televisão para defender sua gestão.
Também acusou Pérez de Cuellar de defender o comunismo, advertindo que "esta não é a melhor opção para assegurar o desenvolvimento do país".
Fujimori, que se elegeu em 1990 graças ao apoio de socialistas, comunistas e social-democratas, afirma agora que as supostas afinidades de Pérez de Cuellar com o comunismo poderiam assustar o capital estrangeiro.

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