São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Nos EUA, Ruth não comenta os protestos

DANIELA ROCHA
EM PRINCETON (NOVA JERSEY)

A primeira-dama Ruth Cardoso, em viagem aos EUA, preferiu não comentar o protesto contra o presidente Fernando Henrique Cardoso ontem em Recife. "Não posso comentar de algo que não sei o que foi", afirmou.
Ela chegou anteontem a Nova York e esteve ontem em Princeton (Nova Jersey), onde participou de um seminário em comemoração ao aniversário de 80 anos do economista Albert Hirschman, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton.
Hirschman é um dos mais respeitados cientistas políticos contemporâneos, autor de "Retórica da Intransigência" e de "Saída, Voz e Lealdade", obras em que trata de democracia, desenvolvimento econômico e justiça social.
Ruth reclamou da presença da imprensa no seminário. "Até aqui vocês me perseguem. Estou em viagem pessoal para expressar minha admiração por Hirschman."
O evento foi aberto com uma leitura de uma carta do presidente a Hirschman.
FHC diz na carta que "como minhas obrigações correntes me obrigam a ficar no Brasil, pedi a minha mulher, Ruth, para me representar em Princeton".
"Minha frustração de não poder encontrá-lo é apenas compensada pela alegria de Ruth em congratulá-lo pessoalmente", acrescenta FHC.
FHC terminou sua carta afirmando: "Fui uma das pessoas que teve o privilégio de se inspirar no senhor. Tenho uma dívida pessoal com o senhor".
Em letra de mão e em português, o presidente escreveu: "Um forte abraço" e assinou: "Fernando Henrique".
FHC e Ruth Cardoso conheceram Hirschman em 72, quando Fernando Henrique ingressou como acadêmico no Instituto de Estudos Avançados de Princeton.
Ruth Cardoso fez um discurso de quatro minutos no seminário. Nele, afirmou que o Brasil tem passado "por um processo político difícil".
Ela comentou a participação de mulheres e jovens no mercado de trabalho do Brasil e convidou o professor Hirschman para "voltar seus olhos poderosos para as transformações sociais brasileiras".
Hirschman agradeceu a presença de Ruth Cardoso e disse que pretende aceitar seu convite para voltar ao Brasil, "agora que seu marido está tão importante".
Alguns estudantes e acadêmicos brasileiros da Universidade de Princeton foram ao seminário para ver a primeira-dama.
"Achei que ela fosse traçar uma análise sobre o Brasil, na condição de antropóloga, mas foi apenas um discurso íntimo de homenagem ao professor", afirmou Luca Moriconi, que faz curso de pós-doutorado em Física na universidade.
A astrônoma Sofia Kirhakos e a médica Lília Carvalho Koberle também foram ao seminário e conversaram com Ruth Cardoso. "Ela é muito simpática", afirmou a astrônoma, após se apresentar à primeira-dama.
Também estava presente ao seminário o filósofo Arthur Giannotti, que conversou com Ruth em um café oferecido ao final do evento.

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