São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Líder diz que invasões vão continuar

DA AGÊNCIA FOLHA, EM PRESIDENTE PRUDENTE

A direção nacional do Movimento dos Sem-Terra quer assentar 20 mil famílias na região do Pontal do Paranapanema (SP).
O diretor nacional do movimento, José Rainha Jr., 34, afirmou que para conseguir esse objetivo os sem-terra vão continuar invadindo as terras localizadas no município de Mirante do Paranapanema (640 km a oeste de São Paulo).
Segundo Rainha, as terras são devolutas -pertencem ao Estado por decisão judicial, mas estão ocupadas por terceiros.
A pressão fez efeito. Duas fazendas -Haroldina e Arco Íris- foram invadidas há seis dias e um dos donos, André Lazarini (Haroldina), se dispôs a negociar.
Uma reunião foi marcada para segunda-feira, às 10h, no gabinete do prefeito de Mirante do Paranapanema, Núbio Antonio Medeiros (sem partido), que foi quem intermediou o encontro.
“O fazendeiro está dispoto a ficar com 500 hectares (a fazenda tem 1.860 hectares) e ser indenizado no restante pelas benfeitorias feitas”, disse o prefeito.
O diretor do Instituto de Terras (órgão ligado à Secretaria da Justiça), Jonas Villas Bôas, 46, disse que o governo vai ratificar um possível acordo entre o fazendeiro e os sem-terra.
Villas Bôas esteve ontem no acampamento dos sem-terra para avaliar a situação na área.
Ele afirmou que os fazendeiros da área não têm mais direito sobre a posse, já que até as suas escrituras haviam sido cassadas pela Justiça em dezembro do ano passado.
A versão de Villas Bôas foi refutada ontem pelo presidente da Associação dos Proprietários Rurais de Mirante do Paranapanema, Célio Romero Souza, 40. Ele afirma que as escrituras não foram cassadas, mas admite que as terras são devolutas.
“Nós queremos negociar porque a situação está ficando insuportável com tantas invasões, mas não podemos permitir que nos tirem o que foi investido em mais de 40 anos de posse na terra”, afirmou.
Acampamento
A situação ontem no acampamento das áreas invadidas era de expectativa. Os invasores não acreditam em um despejo, mesmo tendo a Justiça ordenado a reintegração de posse aos donos das fazendas ocupadas com o uso de força policial.
“O Covas nos prometeu que no governo dele a situação dos sem-terra não vai ser tratada mais como caso de polícia”, disse José Rainha Jr. Ele afirmou que o Movimento dos Sem-Terra pretende assentar 3.000 famílias nas duas fazendas invadidas.

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