São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Brasil não é o México amanhã, diz Kissinger

DA SUCURSAL DO RIO

O ex-secretário de Estado dos Estados Unidos Henry Kissinger disse ontem no Rio que não acredita na possibilidade de o Brasil vir a passar por uma crise semelhante à vivida pelo México desde dezembro passado por causa da fuga de capitais especulativos.
Kissinger falou após fazer uma palestra sobre "O Mundo pós-Guerra Fria", no hotel Intercontinental (São Conrado, zona Sul do Rio). Ele já havia feito palestras esta semana em Buenos Aires e São Paulo.
O ex-secretário deu três motivos para sua confiança de que a crise mexicana não se repetirá por aqui: o volume de capital especulativo que entrou no Brasil seria menor que o do México, a dívida de curto prazo brasileira é menor e as instituições políticas brasileira são mais sólidas.
A crise provocada pela fuga de capitais começou no México justamente no momento em que o país se preparava para iniciar um processo de mudanças políticas, após mais de meio século de um virtual regime de partido único, comandado pelo PRI (Partido Revolucionário Institucional).
Ao ser indagado sobre os motivos pelos quais os Estados Unidos socorreram o México com US$ 20 bilhões, além de ter avalizado a captação de mais US$ 17 milhões de outras fontes, e não teve a mesma atenção com a crise financeira da Argentina, Kissinger disse que no caso mexicano os EUA foram pegos de surpresa e tiveram que agir muito em cima dos acontecimentos.
Na sua análise, a Argentina também tem uma situação mais confortável que a mexicana. Segundo ele, as desigualdades sociais mexicanas são maiores, a situação política é pior. A Argentina cresceu 30% nos últimos quatro anos, enquanto o México cresceu apenas 10%.

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