São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Ônibus de FHC é atingido por ovos e pedras

FÁBIO GUIBU; WILLIAM FRANÇA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

WILLIAM FRANÇA
A comitiva do presidente Fernando Henrique Cardoso foi atingida ontem por ovos, pedras e pedaços de pau e chinelos quando passou pelas ruas do centro de Recife.
Foi a primeira vez que um veículo da comitiva da Presidência da República, na gestão FHC, foi atingido pelos manifestantes desde que ele começou a enfrentar protestos nas ruas, há 20 dias, no Rio de Janeiro.
O ônibus foi atingido por pelo menos três ovos, lançados por trabalhadores rurais e sindicalistas. Ao todo eram cerca de 5.000 manifestantes, segundo lideranças, e 3.000, segundo a Polícia Militar. Estavam concentrados em frente ao Palácio Campo das Princesas, sede do governo estadual.
O confronto começou às 12h02, no momento em que a comitiva presidencial iniciava a passagem na ponte das Princesas, sobre o rio Capibaribe. Os objetos jogados atingiram a lateral esquerda do ônibus -FHC estava na direita.
Momentos antes do início do confronto, os manifestantes tentaram bloquear a passagem de FHC pela ponte. A polícia os afastou, com um cordão de isolamento formado por policiais a cavalo.
O presidente foi vaiado ao chegar ao Palácio do Governo e ao sair. "Fernando almofadinha, o povo vai botar você na linha", gritaram os manifestantes, assim que FHC desceu do ônibus.
Em seguida, vários xingamentos foram dirigidos ao presidente.
Confronto
Depois da passagem do ônibus iniciou-se o confronto dos manifestantes com a polícia. Num primeiro momento foram dez minutos de choques, que resultaram em pelo menos 13 feridos leves -11 policiais e dois manifestantes- e um manifestante jogado no rio.
Depois, as próprias lideranças trataram de acalmar os ânimos, negociando com os policias o seu afastamento. Nenhum tiro ou bomba de gás foi disparado.
Os manifestantes xingavam o presidente com palavrões e exigiam que ele os recebessem para que pudessem entregar documentos com reivindicações para a reforma constitucional e propostas para a melhoria da Zona da Mata, onde está o maior bolsão de miséria de Pernambuco.
Depois, FHC enfrentou outra manifestação -em princípio de apoio, formada por associações de moradores levados pelo movimento pró-refinaria da Petrobrás em Pernambuco. Logo depois, às 12h30, chegaram manifestantes vindos do primeiro confronto.
Na saída, o ônibus foi trocado por um Chevrolet Ômega. O presidente ficou dois minutos preso no carro até o comboio conseguir se deslocar da Casa de Passagem -obra assistencial de apoio a meninas de rua e prostitutas que ele visitou.
Isso porque a rua Visconde de Suassuna, uma transversal por onde ele passaria, foi tomada por garotos da União Metropolitana de Estudantes Secundaristas de Pernambuco. Eles colocaram pedaços de pedra na pista para barrar a comitiva.
Na terceira etapa da visita, na casa do prefeito de Recife, Jarbas Vasconcelos (sem partido), havia 32 manifestantes, portando bandeiras da CUT, do PT e do PSTU. Havia mais de cem policiais.

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