São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995 |
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Renda média de brancos é quatro vezes a de negras
VINICIUS TORRES FREIRE
Além dos rendimentos, negros e não-brancos em geral registram índices inferiores aos brancos em expectativa de vida e escolaridade. Os números são desfavoráveis também em um indicador como a participação de crianças na força de trabalho. Os dados são de uma pesquisa que está sendo concluída pelo economista Paul Singer, da Universidade de São Paulo, e de um estudo publicado no final do ano passado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada do Ministério do Planejamento). Segundo Singer, o analfabetismo, a ausência de escolaridade e o trabalho infantil, definidores de pobreza, são condicionados por "atributos pessoais como gênero, cor e região de residência". A taxa de analfabetismo entre os brancos da região Sudeste do país é de 5,9%, quase seis vezes menor do que a registrada entre os negros nordestinos. Singer observa que a significação da taxa de escolaridade pode ser compreendida se associada aos indicadores da participação de crianças no mercado de trabalho. Somados o número de crianças na escola com o daquelas que estão trabalhando o resultado é próximo de 100%. "Esses dados sugerem que todas as crianças da faixa de idade de 10 a 14 anos que não estão na escola estão trabalhando", analisa Singer. Estariam precocemente no mercado de trabalho 20,56% das crianças negras brasileiras de 10 a 14 anos. O índice é cerca de 50% superior ao das crianças brancas. Para Singer, isto torna evidente a forte relação entre as diferentes formas de exclusão. "Pardos e negros são economicamente excluídos porque não têm capital e nunca tiveram chance de acumulá-lo". A possibilidade de acumulação de "capital humano" (escolaridade, por exemplo), que surgiu com a modernização do país na segunda metade do século, poderia diminuir a distância social e econômica entre brancos e não-brancos. No entanto, a acumulação deste capital humano exigiria oferta adequada de escolas públicas e um núcleo familiar que suprisse as necessidades infantis básicas. "As crianças pretas e pardas do Nordeste carecem de tais condições", observa Singer. Os que crescem sem escola provavelmente devem ser excluídos do mercado formal de trabalho e da vida cultural. "Como a maioria dessas pessoas são não-brancos, essa dupla exclusão reforça os preconceitos culturais vigentes", diz. Texto Anterior: Mãe acredita que foi vingança Próximo Texto: Brancos vivem mais tempo Índice |
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