São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995 |
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Americano defende ação antifumo agressiva
PAULO SILVA PINTO
Ele é o diretor do Office on Smoking and Health (escritório de fumo e saúde, em português). O órgão faz parte do sistema de saúde pública do país. Produz pesquisas e divulga informações sobre o consumo de cigarros, cachimbos e charutos e suas consequências para a saúde. Suas informações podem interessar aos técnicos brasileiros que definiram as regras para as advertências antitabagistas nas embalagens de cigarros e anúncios, divulgadas no dia 24 de março. A equipe de Eriksen dispõe de pesquisas que indicam a baixa eficiência do verbo condicional -por exemplo na sentença "cigarro pode causar câncer". É exatamente este tipo de redação que o Ministério da Saúde do Brasil escolheu para as mensagens de advertência. Eriksen falou à Folha por telefone de seu escritório, em Atlanta: Folha - O projeto de lei que o governo norte-americano apresentou ao Congresso altera a forma das atuais mensagens antitabagistas nos EUA? Eriksen - Sim, a forma e o tamanho. Eu recomendo ao meu país e também ao seu que não se preocupem só com o teor das mensagens, mas também com a visibilidade. O Canadá é um exemplo bom. Lá, a advertência fica na frente da embalagem, ocupando 25% da superfície. Folha - O texto das mensagens canadenses são melhores? Eriksen - São mais curtas e vão diretamente ao ponto. Três exemplos: "Cigarro vicia", "Cigarro causa câncer" e "Cigarro causa enfarte e doença cardíaca". Deve-se deixar claro ao público, sem dúvidas, que o cigarro mata. Folha - Mas não é mais correto usar o verbo "pode", já que não é 100% certo que uma pessoa ficará doente porque fuma? Eriksen - Entre dez fumantes um terá câncer no pulmão, dois terão doenças cardíacas, dois terão doenças pulmonares como enfisema, tudo isso 100% relacionado ao fato de fumarem. Folha - O senhor acha que as restrições aos fumantes e a campanha antifumo chegaram ao limite? Folha - Acho que não. Nos EUA, 25% dos adultos fumam. Desses, 70% querem parar, mas ainda não conseguiram. O que vai acontecer é que quanto mais as pessoas aprenderem, mais vão parar de fumar por hábito. Poderemos chegar a uma porcentagem de fumantes de apenas um dígito, formada por aqueles que realmente querem fumar. Texto Anterior: Artesã de 78 anos luta para progredir Próximo Texto: Leitora reclama de falta de segurança em trens da CPTM Índice |
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