São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Agora, Pelé admite o patrocínio estatal

Esporte profissional ganhará verbas

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

As empresas estatais foram autorizadas a patrocinar equipes esportivas profissionais.
O ministro extraordinário dos Esportes, Édson Arantes do Nascimento, o Pelé, afirmou à Folha que aprova a concessão de verbas públicas para clubes e entidades esportivas particulares.
Trata-se de uma mudança de opinião do ministro.
Desde que assumiu, em janeiro, Pelé dizia se opor à concessão de patrocínio de estatais aos esportes de competição -clubes de futebol, vôlei, federações etc.
A nova posição permite, por exemplo, que a Caixa Econômica Federal patrocine a Confederação Brasileira de Basquete.
A entidade quer entre US$ 2 milhões e US$ 4 milhões de patrocínio anual.
Seu presidente, Renato Brito Cunha, afirmou na quarta-feira que só o veto de Pelé impedia o acordo com a Caixa.
Ao expor sua nova opinião, Pelé disse que não mudou de idéia. "Desde que as entidades apresentem um bom projeto, não vejo motivo para me opor."
"Além do mais, as estatais têm independência para decidir questões como patrocínio."
Apesar da independência formal, as estatais não estavam renovando os patrocínios devido à recomendação de Pelé.
Até ontem, o ministro dizia que contava com as estatais para patrocinar apenas projetos de educação através do esporte, em comunidades carentes.
Hélio Viana, assessor do ministro, disse que a preocupação com a distribuição de verbas públicas se deve à incerteza de que elas sejam realmente usadas nas atividades esportivas.
Pelé deu as declarações depois de anunciar, em Nova Iguaçu (Baixada Fluminense, região pobre vizinha ao Rio), o projeto de construção de complexos esportivos no Estado do Rio.
Serão construídos campos de futebol, escolas e postos de saúde. Pelé e o governador Marcello Alencar ainda não definiram quantas obras vão fazer, quanto vão gastar, nem o prazo para a realização do projeto.
Eles vão buscar empresas privadas para financiar parte dos complexos. Os terrenos serão escolhidos e doados pelo Estado.
O ministro da Cultura, Francisco Weffort, também participou da visita à Baixada. Também anunciou intenção de realizar projetos conjuntos com o Estado do Rio, mas nenhuma iniciativa foi definida em detalhes.
Pelé afirmou que o Ministério dos Esportes só dispõe do equivalente a US$ 30 milhões para gastar este ano.
O ministro estará o fim-de-semana na Argentina, onde receberá a doação de um carro que Ayrton Senna usou na F-1.
Pelé espera arrecadar US$ 2 milhões no leilão do carro -metade para o Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância) e metade para seu ministério.
Hélio Viana estima que em 96, entre verbas de empresas públicas e privadas e instituições estrangeiras, o Ministério dos Esportes terá de US$ 800 milhões a US$ 1 bilhão para gastar.

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