São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Companhia mostra bailarinos em cadeiras de rodas e sem pernas

ROBERTO CATTANI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A maior sensação da temporada de dança em Londres é um grupo com dois bailarinos em cadeiras de rodas e um deles sem pernas.
Pode parece algo grotesco ou piegas. Mas não é nada disso. O CandoCo é pura dança, e da melhor. Eles prometem ser umas das atrações da próxima Bienal de Dança em Lyon, em 1996.
A idéia de um grupo "diferente" surgiu com Celeste Dankeker, bailarina do London Contemporary Dance Theatre até ficar paralisada dos quadris para baixo, num grave acidente de carro.
Inconformada, ela decidiu continuar dançando na cadeira de rodas. Em 1993, conheceu Jon French, acrobata paralisado num acidente, que se exibia em equilibrismos na cadeira de rodas. Juntos, fundaram uma companhia.
A Dankeker e French se juntaram duas bailarinas-coreógrafas "normais", Emilyn Claid e a famosa Shiobah Davies, que liderava o Laban Centre de Londres. Foi Davies que trouxe o verdadeiro pivô do grupo, David Toole, que desde 1991 estudava dança sob a sua direção no Laban Centre.
David Toole nasceu sem pernas e seu rosto é deformado. Quando ele se apresenta, imóvel, no meio da cena, é difícil imaginar o que virá a seguir. Mas sua expressão, intoleravelmente intensa, é presságio de algo perturbador.
Toole é capaz de se equilibrar numa única mão e, com a outra, guiar a parceira como qualquer bailarino. O treinamento com Davies tornou seu torso incrivelmente sinuoso e elástico. Parece poder virar 180 graus sobre os quadris.
Em torno dele, quase em função dele, evoluem os demais bailarinos. Dankeker e French fazem das cadeiras de rodas instrumentos animados, prolongamento dos seus corpos imobilizados, em equilíbrio precário, e interagem com as três bailarinas "normais", Davies, Claid e Sue Smith.
A dança do CandoCo é toda baseada na alternativa entre a linearidade dos movimentos das cadeiras de rodas e as contrações e descontrações da dança de Toole, com os outros fazendo a junção.
O CandoCo se apresenta até junho no Queen Elisabeth Hall de Londres. Depois de um "período de estudo" para criar um novo espetáculo, o grupo sairá em turnê européia.

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