São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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França descobre inéditos de Merleau-Ponty

DA REDAÇÃO

Um conjunto de textos inéditos do filósofo Maurice Merleau-Ponty (1908-1961) acaba de ser publicado na França, segundo informou o jornal "Le Monde" em sua edição de ontem.
Os textos são dossiês escritos entre 1956 e 1960 e utilizados em um dos últimos cursos dados pelo filósofo. Sob o título "La Nature" (A Natureza), os textos estão sendo publicados pela editora Seuil na coleção "Traces Écrites".
O volume reúne também dois cadernos de alunos, com anotações dos cursos sobre "o conceito de natureza", dados por Merleau-Ponty entre 1956 e 1958. Já os manuscritos inéditos do filósofo foram feitos entre 1959 e 1960.
O material, como consta em uma das notas do manuscrito, era um esboço de um livro que Merleau-Ponty preparava pouco antes de morrer. Ele completa o conjunto de notas reunidas e publicadas pelo filósofo Claude Lefort no livro "O Visível e o Invisível".
O que mais se destaca no material são as críticas sobre a produção científica, tendo como foco o conceito de natureza que a ciência toma como base. Para elaborar sua crítica, Merleau-Ponty investigou os conceitos comuns aos campos da psicologia experimental, da biologia molecular, da física quântica e da cibernética.
Uma de suas conclusões é que o conceito de natureza utilizado pelos cientistas não passa de um mito "ao qual o pesquisador sacrifica mais em função de motivos afetivos que de dados propriamente científicos".
As teses presentes no manuscrito dão continuidade às que o filósofo publicou em livros como "A Fenomenologia da Percepção" -onde defendia um pensamento que compreenda as relações complementares entre o homem e a natureza, em particular as que dão origem ao conhecimento.

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