São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Tentativa de fraude é descoberta no Peru

LUCAS FIGUEIREDO
ENVIADO ESPECIAL A LIMA

A OEA (Organização dos Estados Americanos) constatou ontem uma tentativa de fraude eleitoral na eleição peruana, supostamente em favor do presidente Alberto Fujimori, candidato à reeleição.
A descoberta da fraude ocorreu na madrugada de ontem na cidade de Huánaco, capital do Departamento (Estado) de mesmo nome, a 800 km de Lima, onde foram encontrados 3.000 atas oficiais que registram 200 votos.
Dessas, 500 estariam preenchidas com o nome de Fujimori, relatou ontem o diário "La Republica". Não houve confirmação judicial da suposta fraude.
A OEA divulgou comunicado oficial no qual afirma que "a ausência de um devido esclarecimento público, de maneira imediata, deste episódio por parte das autoridades competentes põe em grave perigo a transparência e a legitimidade das votações do dia 9".
As últimas pesquisas divulgadas pelo instituto Apoyo colocam Fujimori em primeiro lugar, com 53% das intenções de voto.
Em segundo lugar está o ex-secretário-geral da ONU Javier Pérez de Cuellar, com 30%. Fujimori precisa de 50% mais um dos votos válidos para se reeleger ainda no primeiro turno.
Segundo o primeiro-ministro Efraín Goldenberg, a suposta fraude "não prejudica o processo eleitoral porque se trata de um episódio isolado.
O presidente Fujimori desmarcou entrevista coletiva que daria a correspondentes estrangeiros às 13h de ontem (15h em Brasília) em Lima, a capital.
A informação de que a fraude envolveria 3.000 atas foi publicada pelo diário "La Republica".
Isso significa que o número de votos que seriam fraudados poderia chegar a 600 mil -5% do colégio eleitoral do Peru, que tem 12 milhões de eleitores, e quase o dobro dos do Departamento de Huánaco, que tem apenas 302 mil.
A apreensão do material foi feita pelo Juizado Provincial Integrado de Huánaco em uma loja comercial no centro da cidade, a partir de uma denúncia anônima por telefone. Onze pessoas foram presas em flagrante.
Inicialmente, observadores da OEA disseram que a fraude envolveria 3.000 cédulas -e não 3.000 atas- que estariam sendo preenchidas em favor de Fujimori e de candidatos a deputado pela frente Cambio 90, que apóia a candidatura do presidente.
Mais tarde, a OEA confirmou que se tratava realmente de 3.000 atas eleitorais.
António Urdanivia, secretário-geral do partido Apra, do ex-presidente Alán García, exilado na Colômbia, reivindicou o adiamento das eleições em todo o Departamento de Huánaco.
Fujimori substituiu García em 1990, vencendo o escritor Mario Vargas Llosa na eleição.

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