São Paulo, sábado, 8 de abril de 1995
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Gorbatchov acusa Ieltsin de traição

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Qualquer tentativa de prorrogar mandatos do Parlamento e presidente russos seria traição à Rússia, disse ontem o presidente da União Soviética Mikhail Gorbatchov.
Numa conferência em Moscou intitulada "Perestroika, projeto, realização, conclusões", Gorbatchov atacou a suposta tentativa do presidente da Rússia, Boris Ieltsin, de esticar seu mandato.
Além de Gorbatchov, vários oposicionistas temem que Ieltsin tente um golpe contra as eleições marcadas para 17 de dezembro.
Em tentativa de ampliar a popularidade, o presidente russo apresentou ontem novo sistema eletrônico destinado a agilizar a apuração e combater fraudes eleitorais.
Até ontem estava marcada para 12 de abril a votação de uma moção de desconfiança contra o gabinete do primeiro-ministro Victor Tchernomirdin.
Segundo a "Itar-Tass", o deputado ultranacionalista Vladimir Jirinovski desistiu de apresentar a moção que se referia a concessões russas à Ucrânia relativas à Província ucraniana da Criméia.
Povoada principalmente por russos, a Província queria autonomia da Ucrânia, com apoio dos nacionalistas.
A aprovação da moção de desconfiança era dada como certa pelo deputado oposicionista Konstantin Zatulin, que afirmou temer que Ieltsin amplie seu mandato.
Outra medida que reforçou esses temores foi a mudança do nome e reestruturação do serviço secreto russo, que ficou conhecido na era soviética pela sigla KGB.
O nome atual, Serviço de Segurança Federal, é o terceiro desde o colapso da União Soviética em 1991 e entrou em vigor na segunda-feira passada.
A lei que mudou o nome da organização também estendeu seus poderes, criando uma grande estrutura policial, supostamente para "lutar contra o terrorismo, a corrupção e o crime organizado".
Erros
O ex-líder soviético Gorbatchov, potencial candidato à Presidência, também reconheceu erros na política de reestruturação que tentou implementar em seu governo, conhecida como perestroika.
"A perestroika fracassou devido a erros dos dirigentes", afirmou Gorbatchov, que começou a implementá-las há dez anos, em 1985, como secretário-geral do Partido Comunista soviético.
As reformas consistiam em uma maior transparência na administração (chamada glasnost) e numa progressiva abertura da economia a capitais e produtos externos.
Divergências com o ritmo das reformas provocaram desentendimentos entre Gorbatchov e o presidente russo eleito em maio de 1990, Boris Ieltsin.
Um golpe militar tentou afastar Gorbatchov em 1991. Ieltsin encabeçou a resistência ao golpe e proclamou o fim da URSS. Automaticamente, Gorbatchov ficou sem poder político.

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