São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Guru trabalha com tesoura

NELSON BLECHER
DA REPORTAGEM LOCAL

Apologista da era da informação, o norte-americano Alvin Toffler tem confessa incompatibilidade com computadores. Não se acerta com seu laptop. Prefere uma trivial tesoura a scanner eletrônico.
Com ela recorta artigos de publicações internacionais, que forram 3.000 arquivos temáticos guardados em sua casa em Connecticut, a 40 minutos de Manhattan (NY), onde vive com a mulher Heidi, parceira de pesquisas e livros.
"Recebo solicitações de pessoas de todo o mundo que querem estagiar no instituto Toffler. Só que ele não existe."
Ex-operário de uma linha automobilística, ex-repórter da revista de negócios "Fortune" (entre 1959 e 61), Toffler prosperou com suas previsões sobre a revolução no trabalho, casa 'inteligente', a fragmentação do mercado e dos meios de comunicação.
A obsessão pelo futuro, conta, vem da infância. Leu "Olhando para trás", sobre um médico de Boston que desperta depois de um século. Maravilhou-se com a Feira Mundial de Nova York, em 1939, que prospectava o amanhã.
Faz de 20 a 30 viagens por ano, de Jacarta a Buenos Aires, para falar a platéias de executivos. Cobra mais de US$ 50 mil por três horas de palestra.
"A maioria quer soluções. Mas não tenho soluções", sorri. "Apenas dou uma visão geral e tento mostrar que as mudanças estão conectadas com a economia, a religião, o comportamento e assim por diante."
Toffler afirma desconhecer a tiragem dos dez livros. Dois deles ("O Choque do Futuro" e "A Terceira Onda") venderam acima de 10 milhões de exemplares.
Admite ter cometido erros. "Eu e Heidi éramos jovens e inocentes. Acreditávamos nos economistas que diziam que não haveria recessão e desemprego."(NB)

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