São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Relógio marca o crescimento do déficit fiscal norte-americano

HAMISH MCRAE

Na esquina da 6ª Avenida com rua 43, acima do Gourmet Deli and Salad Bar e ao lado do restaurante chinês Hop Won Express, há um grande relógio digital.
Em vez das horas, o relógio mostra a dívida dos EUA. Os últimos quatro dígitos são ilegíveis, mas pode-se ver o dígito de US$ 10 mil subindo rapidamente.
O tamanho da dívida norte-americana, ou melhor dizendo, a maneira como aumenta nos últimos anos, é tema de discussões políticas esta semana.
Isto poderia parecer enfadonho, não fosse pelos republicanos, fiscalmente conservadores: que o déficit significa que a atual geração está legando um ônus à próxima.
O assunto é de enorme importância não apenas para os EUA, mas para todos os países desenvolvidos e amadurecidos.
Todos eles têm déficits fiscais crescentes e estão consumindo riquezas que terão de ser pagas, de uma maneira ou de outra, pela próxima geração.
Como os políticos podem equilibrar as necessidades e os anseios dos eleitores com os interesses dos filhos e netos desses eleitores?
Os políticos estão acostumados a equilibrar os interesses da sociedade, mas não a se ver como curadores dos interesses de pessoas que ainda não nasceram.
O problema fiscal americano é mais administrável do que o de outras democracias ocidentais.
Embora seja grande em termos absolutos, sua dívida fiscal ainda é modesta como proporção do PIB (Produto Interno Bruto, a medida da riqueza nacional), quando comparada às dos países europeus.
Uma sondagem feita pelo Instituto Gallup perguntou aos eleitores qual seria a prioridade: reduzir o déficit ou os impostos.
Dois terços afirmaram ser a favor da redução do déficit. Quatro quintos disseram que seria preocupante se os republicanos não reduzissem o déficit.
Existem duas maneiras de reagir a essa discrepância. Uma delas é dizer: precisamos eleger novos políticos ou ensinar os velhos a agir de maneira diferente.
Mesmo se os políticos conseguissem satisfazer os eleitores, não seria realista pedir que desempenhem o papel de curadores.
A outra reação possível seria dizer: decisões que afetam a equidade entre gerações devem ser retiradas do processo político.
O que isso pode significar, na prática? Pode significar que talvez seja preciso retirar o financiamento de pensões, seguridade social e sistema de saúde do setor público.
Se cada geração tiver que poupar para suas necessidades futuras, em lugar de contar com a ajuda das gerações futuras, os benefícios terão que ser financiados.
E por mais que sejam "segregados os gastos atuais, os fundos de seguridade social pública constituem solução insatisfatória.

Tradução de Clara Allain

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