São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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Papa assinou um hino à vida

LUCIANO MENDES DE ALMEIDA

Esta é a mensagem do papa João Paulo 2º em sua 11ª encíclica, à qual deu o nome "Evangelho da vida".
Há um século, Leão 13 elevou sua voz em defesa do proletariado. Hoje, a voz do sucessor de Pedro defende quem não tem voz, crianças condenadas antes de nascer, idosos e doentes ameaçados pela eutanásia.
A encíclica é anúncio feliz que afirma a vida como dom de Deus. Proclama, com firmeza, o direito inviolável à vida.
O texto aborda questões sérias e fundamentais para a existência pessoal e o futuro da sociedade. Convém ser lido integralmente para que se perceba a coerência dos princípios unida à sensibilidade pastoral para com as situações subjetivas.
Médicos, legisladores e magistrados hão de encontrar no "Evangelho da vida matéria para meditação. O ponto central é a ameaça contra vida que surge da pretensa "legitimação jurídica de práticas como o aborto, a eutanásia e a manipulação de fetos humanos.
O papa alerta para o perigo do ofuscamento da consciência moral, que não distingue entre bem e mal quando se trata da inviolabilidade da vida humana.
Contra as manifestações da "cultura da morte, a encíclica reafirma o valor da vida. "Nenhuma circunstância, nenhum fim, nenhuma lei no mundo poderá jamais tornar lícito um ato intrinsecamente ilícito, porque contrário à lei de Deus.
A "Cultura da Vida" baseia-se no respeito aos direitos inalienáveis da pessoa humana.
Leis civis não podem se opor ao direito à vida. A encíclica ensina que as leis que pretendem autorizar e favorecer o aborto e a eutanásia colocam-se contra o bem comum e carecem de autêntica validade jurídica.
Esta defesa e proclamação do direito de viver surge como sopro de vida plena e sinal de esperança para as novas gerações.
Não é apenas uma denúncia profética, mas convocação para que todos se empenhem em realizar nova cultura da vida.
Neste contexto, será necessário promover o que favorece a vida: respeito a Deus, fonte da vida, formação da consciência moral, preparação dos cônjuges sobre a transmissão da vida, amor aos idosos e enfermos.
Anunciar a vida é um compromisso da Igreja Católica, continuadora da missão de Jesus Cristo. A verdade deve ser dita com firmeza e sem medo. A mensagem do papa tem beleza divina: que há de mais belo do que defender fracos e impotentes para que tenham vida?

Dom Luciano Mendes de Almeida é arcebispo de Mariana e presidente da CNBB.

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