São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995
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O glamour é vermelho

HELOISA HELVECIA

O charme criminoso chega ao guarda-roupa e dá mais poder de fogo à mulher. A estética dos novos filmes sanguinolentos contamina as páginas das revistas de moda, inspira estilistas, ganha versão passarela.
Das telas espirra um número cada vez maior de pin-ups delinquentes, tipo Juliette Lewis, a assassina amoral de "Assassinos Por Natureza", ou Patricia Arquette
, a traficante casual de "Amor à Queima-Roupa", para ficar só nas representações femininas criadas pelo guru maior de toda esta onda, o diretor norte-americano Quentin Tarantino.
Foi de "Pulp Fiction", último filme do cineasta, que o estilista paulista Walter Rodrigues contrabandeou a trilha sonora para a apresentação da sua coleção, em fevereiro. Um mês depois, em outro desfile na capital, o mesmo Rodrigues foi mais longe: disfarçadas de "Bond-girls", suas modelos armadas passearam ao som de tiros.
A moda sempre espionou o cinema, às vezes em forma de cópia. O exemplo mais óbvio do verão foi o paletó de couro de cobra usado pelo ator Nicolas Cage no filme "Coração Selvagem", de David Lynch. Em versão brim, a peça fez sucesso nas vitrines do estilista Reinaldo Lourenço.
A atual tarantinomania é mais sutil. Para criar as roupas que vão chegar às lojas na segunda quinzena de abril, as coordenadoras de estilo de uma grife paulista se inspiraram nos filmes de Tarantino e nas fotos de Helmut Newton -o fotógrafo alemão que, a partir dos 70, clicou mulheres chiques, femininas em roupas masculinas, de arma em punho.
O vermelho jorra de roupas, unhas e bocas na próxima estação. O inverno também traz violeta e preto, formas supervalorizadas e realce extra de cintura e busto. Os tecidos são sintéticos, com muito ciré (brilhoso, parecendo engraxado, pronuncia-se cirrê) e jeans plastificados, além do cetim.

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