São Paulo, domingo, 9 de abril de 1995 |
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O glamour é vermelho Mais perigosa, segundo a antropóloga, porque nesta passagem para a violência objetiva, ela leva junto um pouco do antigo papel. "É o papel da traiçoeira, que faz um jogo confuso, de sexo, sedução e traição, como as antigas mulheres dos filmes de James Bond", afirma. A metamorfose feminina, de vítima a autora de crimes, não é nova embora, segundo Suraia Daher -advogada, criminologista e assistente social, que dirigiu penitenciária feminina por oito anos em São Paulo-, a sociedade em geral e os agentes de segurança em particular ainda enxerguem a mulher como subproduto da criminalidade masculina. Daher, que representa o Brasil na ONU para a área de prevenção ao crime e tratamento do criminoso, coordenou por uma década e meia uma pesquisa para a entidade internacional. Investigou a situação da mulher na criminalidade relacionando-a ao surgimento dos movimentos feministas. Os resultados da única pesquisa no gênero feita aqui mostram como a mulher vai passando de vítima a autora, desde 1970 a 83. "À medida que ela vai participando mais da sociedade, vai se tornando mais agressiva e audaciosa, trocando furtos por assaltos. No caso das adolescentes, elas passam da prostituição e do envolvimento paralelo com o crime para a liderança de gangues", diz Daher. No biênio 70-71, o homicídio representava 0,15% do total de delitos cometidos por mulheres brasileiras. No último biênio dos estudos para a ONU, chegava a 0,76%. As lesões corporais passaram de 0,68% para 4% do total de crimes praticados por mulheres, no mesmo período. Outra conquista dos movimentos de "liberação": ferir a lei e os outros por conta própria. A estilização da violência, que se saiba, não inclui o desenvolvimento de estampas baseadas em miolos estourados. Mas como qualquer outra "ten-dên-cia", traz o risco de ser mal-entendida. A diferença é que, neste caso, virar vítima da moda pode ser mais perigoso. Texto Anterior: O glamour é vermelho Próximo Texto: Inverno à queima-roupa Índice |
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