São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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O 36 do Marcelinho contra os 42 do Leal

Deixem os atletas de brinco em paz

MARCELO FROMER E NANDO REIS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Por que será que o Zagallo insiste em não convocar o Marcelinho? Será que é pelos mesmos motivos que deixaram de fora por muitos meses o baixinho Romário, ou por implicância, como tem feito com o Antônio Carlos? Por que o endiabrado atleta de Cristo, calçando precisos e milimétricos pés 36 ainda não teve sua chance na seleção do falso renovador Velho Lobo? Será que o outro L que incutiu em seu nome dobrou, também, sua teimosia?
O último amistoso foi frente a um adversário inexpressivo.
O melancólico empate submarino foi tão significativo quanto a nulidade dos benefícios da partida na totalidade de seus aspectos. O próprio lupino Mário Jorge, reconheceu a inutilidade da peleja.
É com esse tipo de apresentação que a seleção pretende elevar o grande prestígio? Os queixumes do treinador não têm muita razão, nem pertinácia. Não devemos esquecer que para ser o técnico da seleção é preciso estar de acordo, coadunar com as prerrogativas libidinosas e obscuras da CBF, típicas da gestão do sr. Ricardo Teixeira, o grande... genro.
Discutir o caso de Marcelinho chega a ser um contra-senso diante da enormidade e variedade de problemas que surgem. Não bastassem os destemperos estilísticos do técnico, estamos às voltas com um caso de autoritarismo e ignorância na seleção de juniores.
O nome do indigitado é Jairo Leal, que tem a incumbência de dirigir o time que embarca pra disputar o Mundial em Qatar. Pretendendo utilizar a vasta experiência adquirida em seus 42 anos (!?), Leal baixou portarias em desuso desde a morte do Yustrich.
Num rompante de arrogância e obscurantismo, proibiu o uso de "brinquinhos", barba e cabelos compridos dos jovens e empolgados atletas. Sob o dúbio argumento de que os atletas que assim se apresentassem estariam correndo o risco de sofrer apupos e ofensas da torcida, (esta ainda movida por um forte sentimento e rejeição do suposto "homossexualismo").
Só poderíamos dizer que o infeliz viajou na maionese.
Além de utilizar um grotesco pretexto para exercer sua autoridade, ele imediatamente já a coloca sob suspeita, dada à fragilidade de suas premissas.
Achar que o fato de um garoto de 20 anos pendurar um brinco na orelha ou deixar seu cabelo e sua barba crescidos representa algum tipo de desobediência ou irresponsabilidade é, para dizer o mínimo, falta de informação ou atualidade.
A torcida percebe que o que mais incomoda é o tamanho descomunal das orelhas dos jumentos que zurram como palermas sentados no banco, diplomados por um cargo ou um apito, e que usam ferraduras no lugar dos sapatos. Que o técnico Jairo Leal pare de falar asneiras e deixe os meninos em paz!

A sugestão para as mudanças nas regras do futebol vem do Wallenstein Vasconcelos, de Frutal (MG): "Soltar no campo pastores alemães para que os jogadores atuem com mais velocidade e façam mais gols".

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