São Paulo, segunda-feira, 10 de abril de 1995
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Grupo de direitos humanos denuncia fraudes

LUCAS FIGUEIREDO
DO ENVIADO ESPECIAL

A coordenadora nacional de Direitos Humanos do Peru, Susana Villarán, acusou ontem, em entrevista à Folha, o JNE (Juizado Nacional Eleitoral) de ter encoberto que o partido do presidente Alberto Fujimori foi responsável pela tentativa de fraude do sábado.
"Temos informações que 90% dos votos adulterados iriam para Fujimori, sendo que o JNE divulgou que eram somente 40%", afirmou. A CCDH (Cordenadoria Nacional de Direitos Humanos) agrega 44 entidades, entre elas a Anistia Internacional.
O JNE havia dito que nenhum partido poderia ser responsabilizado pela tentativa de fraude.
Quatro horas depois do início da votação, a coordenadora disse à Folha que "o processo eleitoral não foi transparente.
Segundo Villarán, o secretário-geral da OEA, Cesar Gaviria, deveria ter deixado o país assim que se soube da tentativa de fraude descoberta sábado em Huánaco (selva amazônica). "A presença dele no Peru ajuda a legitimar uma eleição fraudada", afirmou.
"As eleições deveriam ser adiadas nas 'zonas de emergência', porque há vários indícios de que se estavam preparando fraudes".
Onze dos 24 Departamentos (Estados) do Peru situados nos Andes e na Amazônia são "zonas de emergência por causa da ação de grupos terroristas. Cerca de 17% do eleitorado vive ali.
"Houve uso de recursos e pessoal do governo para influir nas votações nas 'zonas de emergência'", disse Villarán.
Ela também acusou o governo de ter perdoado dívidas de TVs e rádios peruanas em troca de propaganda eleitoral para beneficiar o presidente.
(LF)

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