São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Mínimo vai a R$ 100 a partir de maio

SILVANA QUAGLIO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Todos os aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) terão os benefícios aumentados em 42,9% a partir de maio. Este é o percentual que será dado ao salário mínimo, que em maio subirá de R$ 70 para R$ 100.
A extensão do reajuste para aposentados e pensionistas que recebem benefícios maiores do que um mínimo é o principal ponto do acordo fechado ontem entre o governo e deputados.
Negociaram durante mais de três horas, o ministro da Previdência, Reinhold Stephanes, lideranças governistas e deputados das comissões de Trabalho e de Seguridade Social da Câmara, que analisam o conteúdo do projeto.
Mesmo com o acordo selado, o governo não colocará o projeto em votação nesta semana. Aproveitará o baixo quórum da Semana Santa para sedimentar a negociação. A votação na Câmara fica para a semana que vem e, sem seguida, no Senado.
O aumento do salário mínimo e o repasse do mesmo percentual para todos os aposentados e pensionistas custará neste ano cerca de R$ 1,5 bilhão para os cofres da Previdência, informou Stephanes.
Para evitar um rombo, o governo propôs mudanças no sistema de arrecadação, no mesmo projeto que aumenta o mínimo. Este projeto não pode ser confundido com a emenda constitucional de reforma do sistema previdenciário.

Mudanças
Stephanes afirmou que a Previdência tem uma reserva de caixa capaz de cobrir os gastos de maio (cerca de R$ 2,8 bilhões), mas vai precisar de novas receitas. Mesmo assim, teve de fazer concessões.
O projeto do governo previa a unificação das alíquotas de contribuição previdenciária dos empregados em 9% -que hoje são de de 8%, 9% e 10%, conforme o salário.
Pelo acordo fechado ontem, serão mantidas as alíquotas de 9% (para quem ganha entre um e cinco mínimos) e 10% (para quem ganha entre cinco e 10 mínimos, ou mais).
Também continuará existindo o auxílio-maternidade, que o governo pretendia extinguir.
Outra mudança que resultou do acordo, é que as aposentadorias especiais para aeronautas e jornalistas, não desaparecerão imediatamente. Mas serão incluídas num projeto específico sobre aposentadorias especiais, que já tramita no Congresso.
As atuais alíquotas de contribuição de empresários, administradores e trabalhadores autônomos, de 10% (pagas sobre um a três mínimos) e 20% (pagas sobre salários acima de três mínimos) serão unificadas em 20%, como o governo queria.
Mas a alíquota única só entrará em vigor em janeiro de 96.
Os parlamentares se comprometeram com o ministro Stephanes em aprovar, o mais rápido possível, um projeto de lei complementar (que complementa a Constituição), regulamentando o recolhimento de contribuição sobre o pró-labore (espécie de prêmio que aumenta o salário de executivos e sobre a qual não incidem impostos).
A cobrança era feita até um ano atrás, mas foi suspensa por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal). Só a restauração desta contribuição aumentará em cerca de R$ 600 milhões a arrecadação da Previdência (40% das receitas necessárias).
O fim da alíquota de 8% para empregados, obrigará os trabalhadores de salários mais baixos pagar R$ 0,10 a mais para a Previdência, mas aumentará a arrecadação em algo em torno de R$ 300 milhões (20% das receitas necessárias).
Os 40% das receitas extras necessárias virão do combate à sonegação e de outras mudanças.

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