São Paulo, terça-feira, 11 de abril de 1995
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Polícia é acusada de ter 'depósito de corpos'

CLAUDIO JULIO TOGNOLLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Erramos: 06/06/95
O "lixão" de Mauá (Grande SP) que estaria sendo usado como cemitério clandestino por policiais tem cerca de mil metros de extensão, e não mil metros de profundidade, como dizia equivocadamente texto publicado à página 3-4 ( Cotidiano) do dia 11/4.
Polícia é acusada de ter 'depósito de corpos'
O servente Ernesto Severino da Silva denunciou ao Ministério Público, na última sexta-feira, a existência de um "lixão", em Mauá (Grande São Paulo), onde ele afirma ter encontrado "cerca de 20 corpos, nos últimos 2 anos".
O caso é acompanhado pelo promotor Marcelo Milani, do Fórum de Santo André (Grande São Paulo), e pela Comissão Teotônio Vilela de Direitos Humanos."As denúncias do servente são no mínimo gravíssimas", afirma o promotor Marcelo Milani.
O local estaria sendo presumivelmente usado, segundo Milani, para que ali policiais civis e militares depositassem os corpos de pessoas mortas após perseguição. "Os corpos sempre aparecem vestidos e de barriga para o chão", diz o servente.
A reportagem da Folha visitou ontem o local apontado por Silva. Trata-se de um vale, de aproximadamente mil metros de profundidade, em cujo fundo passa um córrego. A névoa é constante. Há lixo industrial cobrindo as colinas e um forte cheiro de matéria orgânica em decomposição. Centenas de pneus queimados rodeiam as margens do córrego.
O servente Ernesto Severino da Silva trabalha há 3 anos no local, catando e revendendo lixo. Uma semana antes do início do Carnaval, ele afirma ter encontrado um corpo no aterro. Seria de um rapaz, cerca de 1,65 de altura, que usava camisa listrada, calça jeans e botas. Diz o servente que o corpo do garoto trazia queimaduras no couro cabeludo. Ernesto sustenta que comunicou o fato à polícia, discando o número 190. E que, por volta das 19h, sem que ele pudesse ter visto os policiais, o corpo já havia sido retirado do aterro.
O promotor Marcelo Milani vinha acompanhando o caso do desaparecimento do rapaz Ricardo Ribeiro, 21, ocorrido na madrugada do dia 14 de fevereiro passado (veja reportagem ao lado). Na última sexta-feira, o promotor mostrou ao servente uma foto do menino desaparecido.
"A camiseta fotografada é a que vi no cadáver" disse o servente Ernesto da Silva. Ele também sustenta que o cabelo e a cor da pele, detalhes que observou na fotografia do menino desaparecido, são "muito parecidos" com os do corpo que encontrou no aterro.

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