São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Iene não cai após pacote do governo japonês

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo japonês anunciou ontem (noite de anteontem no horário brasileiro) um corte na taxa de juros -de 1,75% para 1%- e um pacote de medidas para impedir a valorização do iene e estimular a recuperação econômica.
O pacote teve tão pouco impacto sobre os mercados que o Banco do Japão teve de intervir logo após sua divulgação para evitar nova alta do iene em Tóquio. A cotação do dólar fechou em 83,65 ienes, apenas 0,23 mais que no dia anterior. Em Nova York, a reação foi nula. O dólar foi comprado por 83,50 ienes.
A única ação efetiva e imediata, o corte dos juros, já era esperada. Os demais pontos do pacote contém promessas consideradas tímidas para abrir o ultra-restrito mercado japonês e incentivar, com créditos a pequenas e médias empresas e programas de obras públicas, o crescimento da economia.
"Espero que o pacote seja bom o suficiente para assegurar a recuperação e garantir o crescimento a médio e longo prazo", disse o primeiro-ministro Tomiichi Murayama. "As recentes e drásticas mudanças no câmbio podem ferir a moderada recuperação japonesa. O governo fará o máximo para enfrentar esta situação".
Economistas e operadores do mercado resumiram com poucas palavras sua reação ao pacote -muito pouco, muito vago e muito tarde.
"Foi um grande bocejo. As políticas anunciadas são muito inadequadas para levar o Japão a uma sólida recuperação", disse Don Kimball, economista do Banco Mitsubishi. "As pessoas esperavam medidas significativas medidas para abrir a economia e elas não receberam isto", comentou Dhia Amir, da Nomura Securities, a maior corretora do mundo.
As reações oficiais, porém, foram positivas. O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional apoiou a ação do governo japonês. "Vinda logo após o corte de juros na Alemanha, ela deve ajudar a aliviar as pressões nos mercados internacionais de divisas", disse.
Camdessus disse que está na hora de os EUA complementar as medidas tomadas pela Alemanha e Japão com uma elevação de juros de curto prazo. "Isto contribuiria para fortalecer o dólar e ajudaria a conter pressões inflacionárias que resultarão de um dólar fraco".
O presidente dos EUA, Bill Clinton, "não tem idéia" dos motivos da queda do dólar. Mas acha que com pequena redução dos impostos e a queda do déficit público, a moeda americana "reagirá".

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