São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995 |
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Desenvolvimento industrial rural
ALBERTO CAVALCANTI DE FIGUEIREDO A interiorização da indústria no Estado de São Paulo é um processo que tende a se acelerar de forma irreversível, razão porque as questões da ocupação e do desenvolvimento das regiões mais carentes também devem se constituir em importante capítulo de uma política industrial abrangente para o Estado. O estudo da localização das fábricas que se transferem da Grande São Paulo para o interior, ou mesmo da expansão de indústrias já existentes, assume, assim, um papel da maior relevância.Como para a maioria das empresas e investidores há uma certa convergência em torno de determinados fatores de localização, existe uma grande probabilidade de, a médio prazo, se verificar uma forte concentração industrial em determinadas regiões, em detrimento de outras que ficarão condenadas ao subdesenvolvimento e à pobreza. Como a decisão da localização, quando afeta ao setor privado, está condicionada aos seus próprios e legítimos interesses, não há como mudar tal comportamento, salvo quando impedimentos legais tolhem esta liberdade de escolha. Por outro lado, como deve ser do propósito do governo estadual, por razões estratégicas, sociais e políticas, procurar promover o desenvolvimento harmônico de todas as regiões, somente a ele cabe a responsabilidade de criar condições que possibilitem eliminar ou atenuar os bolsões do subdesenvolvimento e, consequentemente, as desigualdades regionais dentro do Estado. Um projeto original de desenvolvimento industrial em áreas rurais foi concebido pelo professor Morris Asimow, da Universidade da Califórnia. Com adaptações necessárias à realidade brasileira, poderá representar um importante instrumento para alavancagem do desenvolvimento de áreas consideradas problemas ou em fase de incipiente industrialização. Este projeto tem a característica de ser conduzido exclusivamente por professores e estudantes universitários, o que também representa uma maneira inteligente e eficaz de realizar a tão almejada integração da universidade com a sociedade. Preliminarmente, o projeto estabelece duas condições básicas para o seu funcionamento: a escolha da sua área de atuação, que deve ter o perfil a que já aludimos, e a seleção da universidade, cujo campus deve estar situado o mais próximo possível da referida área. O projeto se desenvolve segundo uma sequência lógica de ações, que se inicia com a pesquisa e o inventário qualitativo e quantitativo dos recursos naturais, dos subprodutos e resíduos industriais existentes e inaproveitados, e culmina com a elaboração dos projetos definitivos para implantação dos empreendimentos industriais, cuja viabilidade econômica ficar comprovada pela própria equipe de técnicos do projeto. As fases intermediárias consistem na pesquisa dos tipos de indústrias e de tecnologias adaptáveis às matérias-primas disponíveis. A elaboração do projeto definitivo será realizada quando, após um intenso trabalho de divulgação, conduzido prioritariamente junto à população da área, surgirem pessoas interessadas na implantação de algum dos projetos indicados. A publicidade dos objetivos e do andamento dos trabalhos se constitui em um dos mais importantes fatores de êxito do projeto, assim como o engajamento das prefeituras locais, câmara de vereadores, clubes de serviços, associações, sindicatos, enfim, de todos os setores representativos da região, é da maior importância. Outro aspecto relevante é que os professores e estudantes, sem prejuízo de suas obrigações normais, sejam remunerados, para que se sintam motivados e compensados pelo esforço adicional que vão desenvolver. Trata-se, pois, de um projeto de concepção muito simples e de baixíssimo custo, ante os objetivos visados, que poderá contribuir, não somente para o treinamento de professores e estudantes, como também para eliminar o subdesenvolvimento de algumas regiões do Estado de São Paulo. Texto Anterior: Marcha a ré; Mão oficial; Espaço para trabalhar; Diferença regional; Ária para fumantes; Viagem de negócios; Rodando bem Próximo Texto: Renault pode vir ao Brasil, diz Dorothea Índice |
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