São Paulo, sábado, 15 de abril de 1995
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Paris inaugura a maior mostra de esculturas de Constantin Brancusi

ANDRÉ FONTENELLE
DE PARIS

Paris inaugurou ontem a maior exposição já realizada da obra de um dos maiores escultores do século 20, o romeno naturalizado francês Constantin Brancusi (1876-1957).
A mostra vai até 21 de agosto, no Centro Georges Pompidou. Em seguida, fica de outubro a dezembro no Museu de Arte de Filadélfia (EUA).
Entre as obras expostas, estará "O Beijo" (1907/1908), escultura talhada diretamente na pedra, que é uma das mais famosas da arte moderna.
"Apesar de consagrada pelos artistas, a obra de Brancusi é pouco conhecida do público em geral", lamenta Margit Rowell, organizadora da mostra parisiense.
Isso se deve, em parte, à dificuldade para expor seu trabalho: o escultor utilizava o mármore, o gesso e a madeira, materiais frágeis. Além disso, a verticalidade de suas obras (algumas, como a série de "Colunas Sem Fim", podem chegar a 3 m de altura) dificulta o transporte.
Apesar desses obstáculos, 103 esculturas, 38 desenhos e 55 fotografias serão apresentados.
A maior parte vem das duas maiores coleções de Brancusi no mundo: a do Museu Nacional de Arte Moderna (do próprio Centro Georges Pompidou) e a do museu de Filadélfia, que herdou em 1950 a coleção do norte-americano Walter Arensberg.
A última grande exposição do escultor ocorrera nos EUA, em 1969 e 1970.
Brancusi nasceu em Hobitza, um vilarejo do interior da Romênia. Em 1894, entrou para a Escola de Artes e Ofícios de Craiova. Dez anos depois, foi para Paris, fazendo a pé boa parte da viagem.
Em 1907, conseguiu um emprego no ateliê de Auguste Rodin (1840-1917), o escultor de maior prestígio da época. Não ficou mais de um mês. "Não cresce nada à sombra das árvores grandes", explicou um dia.
O romeno queria ser mais do que um simples discípulo de Rodin. Passou a talhar suas esculturas diretamente na pedra, técnica pouco usada então.
Ao longo dos anos, Brancusi ligou-se às correntes fauvista, dadaísta e cubista. Pouco a pouco, sua obra evoluiu para a abstração que o tornou famoso.
Ao morrer, o escultor legou à França seu ateliê, com cerca de 230 esculturas. Encarregado de reconstituí-lo, o Museu Nacional de Arte Moderna só pode inaugurá-lo em 1977, 20 anos após sua morte.
Em 1990, uma inundação levou ao fechamento do ateliê. Ele deverá ser reinaugurado em 1997, nas comemorações do 20º aniversário do Centro Georges Pompidou.

Constantin Brancusi. Centre Georges Pompidou. 19, rue Beaubourg, 75004 Paris.

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