São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995 |
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Estátuas 'choram' na Itália dos milagres
HUMBERTO SACCOMANDI
O suposto milagre teria sido presenciado pela primeira vez pelo dono da estatueta, Fabio Gregori. Até o final de março ela podia ser vista numa redoma construída por Gregori em seu jardim. Tinha um rastro de sangue saindo dos olhos. A estatueta, de 40 cm, é uma réplica da Virgem de Medjugorje, na Bósnia, palco das mais famosas aparições marianas dos últimos anos. O caso atraiu a mídia italiana. O bispo de Civitavecchia, Girolamo Grillo, que hoje mantém a estátua sob custódia, disse que a viu chorar sangue. O fenômeno teria ocorrido dez vezes desde fevereiro. A Justiça italiana, suspeitando de fraude, ordenou uma investigação. Até agora foi revelado que o sangue é humano, mas de homem. Logo será feita uma perícia para verificar se há algum mecanismo lacrimoso escondido. Engenhos assim já foram descobertos em outras estátuas "milagrosas. Decepcionando os fiéis, a Justiça italiana proibiu que a estatueta saísse da custódia para seguir em procissão na Sexta-Feira Santa. Mas não se trata de um caso isolado. A Itália assiste uma proliferação sem igual de estátuas que choram e outros fenômenos aparentemente inexplicáveis. Desde março de 1994, uma imagem da Virgem de Fátima, dessas feitas em resina e compradas por peregrinos, tem "chorado" sangue regularmente em Lazise (perto de Verona). A última vez teria sido em 14 de março. Este ano tem sido particularmente prodigioso em termos de milagres na Itália. Em fevereiro, na cidade de Salerno (ao sul de Nápoles), uma imagem em azulejo de Padre Pio teria sangrado. Padre Pio, um franciscano já morto, é venerado como santo na Itália. atribui-se a ele a autoria de dezenas de milagres. Está em andamento, no Vaticano, um veloz processo de beatificação. Além disso, a imprensa registrou pelo menos outros dez casos de estátuas que "choram", em cidades como Pisa, Lucca, Terni, Tivoli, Cerdena e Castrovillari. Não se trata de um fenômeno novo. Um dos santuários napolitanos mais conhecidos, a Madonna dell'Arco, surgiu em 1450 do choro de uma estátua de Nossa Senhora (Madonna, em italiano). O último milagre do gênero oficialmente reconhecido pelo Vaticano aconteceu em Siracusa, na Sicília, em 1953. No ano passado, o papa João Paulo 2º esteve lá para a canonização da estatueta. O que vem impressionando os italianos é a multiplicação desses milagres nos últimos tempos. Mas a suscetibilidade das pessoas a acreditar, indiscriminadamente, nesse tipo de fenômeno, parece estar em alta. Texto Anterior: Falta visão global a candidatos, diz filósofo Próximo Texto: Bispo associa onda milagrosa a terror no Japão Índice |
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