São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995
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Empurrando com a barriga

DANIELA CHIARETTI

Os gases do efeito estufa sugerem cenários catastróficos para o próximo milênio: tempestades e tufões, a ampliação de zonas áridas e até o sumiço de pequenas ilhas diante do aumento do nível dos mares.
As raízes do problema estão no século passado, no início da industrialização. Os gases dos automóveis e indústrias se acumulam na atmosfera, agravando o problema ano após ano. Suas consequências, ainda desconhecidas, enlouquecem os cientistas, que estudam dezenas de variáveis, desde o que acontecerá com as geleiras, se a temperatura aumentar, até o comportamento das algas.
Nos últimos dias, representantes de uma centena de governos estiveram reunidos em Berlim (Alemanha) para discutir a questão. Concluíram pouco e avançaram milímetros no que já havia sido definido no Rio, na Eco-92. Na ocasião, um documento de força internacional, a Convenção do Clima, estabeleceu que os países desenvolvidos deveriam chegar ao ano 2000 com as mesmas emissões de gases do efeito estufa de 1990.
É difícil. O grande vilão do efeito estufa é o gás carbônico. Os EUA emitem 25% de todo o CO2 lançado na atmosfera e deixaram claro, em Berlim, que não pretendem gastar milhões para encontrar combustíveis menos poluentes. Os países árabes produtores de petróleo não querem perder receitas. A China, com vastas reservas de carvão, vê na questão um freio ao desenvolvimento.
Tudo ainda muito incerto, impreciso e irreversível. Os gases se acumulam no ar e há consenso científico quanto ao fato de o clima na Terra estar mudando. Os ambientalistas não têm dúvidas: é uma herança sombria para as gerações futuras.

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