São Paulo, domingo, 16 de abril de 1995
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Aventura compensa a falta de conforto

GIULIANO M. CEDRONI
ESPECIAL PARA A FOLHA

Decididos, e ao mesmo tempo repletos de dúvidas, deixamos a bela San Diego (na Califórnia, costa oeste dos EUA) para trás, no dia 13 de janeiro, uma sexta-feira.
Para nós, aquela temida data era apenas mais um detalhe ou uma simples coincidência. Era estranho pensar que só iríamos parar de dirigir quando chegássemos em casa, em São Paulo.
A viagem em si nasceu de descontraídas conversas e só começou a tomar forma quando eu e minha família nos encontramos em Nova York, no último Natal.

Aventura
Com pouco dinheiro, alguma experiência em viagens desse tipo e muita força de vontade, eu e dois irmãos partimos para a Califórnia com a idéia fixa de chegar ao Brasil de carro. Aventura era o que procurávamos.
Só depois de dois meses de estrada é que viemos a descobrir o sentido exato dessa palavra.
É difícil descrever nossa felicidade ao constatar o quanto afortunados somos pelo simples fato de sermos brasileiros.
Mexicanos, centro-americanos e nossos vizinhos sul-americanos abriam um largo sorriso ao saber que éramos do Brasil, onde o samba nasceu, onde não se fala castelhano (espanhol) e onde futebol é jogado com o coração.
Tive que ser forte para, mesmo sem dinheiro, recusar a gorda oferta de um costa-riquenho obcecado por minha camisa da seleção brasileira, que adquiri na final da Copa do Mundo.
Hoje, no conforto da civilização, sinto falta das noites maldormidas no carro, dos infinitos atoleiros e da tradicional macarronada no fim do dia.
Sei o quanto tudo aquilo valeu realmente a pena.

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