São Paulo, segunda-feira, 17 de abril de 1995
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'Estilo CNN' busca público

ZECA CAMARGO
DA REDAÇÃO

"Estranho como é difícil sentir que estou em uma sala de ópera", disse um espectador assinante da atual temporada da New York City Opera, na estréia de "Harvey Milk" na cidade. De fato, a montagem muitas vezes fica mais perto de um musical da Broadway do que de uma "Traviata".
Com suas intenções divididas entre o registro histórico recente (a história se passa entre as décadas de 60 e 70 deste século) e um híbrido de música erudita e popular, "Harvey Milk" acaba sendo menos gay do que a composição de Verdi. A culpa é da "docu-ópera".
A tendência foi batizada pela "New York Magazine" de "escola CNN" de ópera.
Numa tentativa de renovar seu público e atrair mais espectadores as companhias americanas acabam incluindo em seus repertórios peças que tratam de temas de impacto historicamente recentes escritas por compositores e libretistas contemporâneos.
Exemplos mais óbvios incluem "Nixon in China", sobre uma visita do ex-presidente norte-americano ao país, e "Malcolm X".
Motivados por esses "ganchos" o público acaba indo à ópera. Mas quase não fica nenhum registro. A crítica culpa os compositores por esse esquecimento compulsório. E com razão.
Por mais que as "docu-óperas" queiram ser populares, nenhuma conseguiu vir com algo tão fácil como "La donna é mobile...".
(ZC)

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