São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

FHC tenta mudar imagem e atrair capital

GILBERTO DIMENSTEIN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O presidente Fernando Henrique Cardoso começa hoje em Nova York ofensiva para convencer os empresários de que vale a pena colocar dinheiro no Brasil.
Ele foi informado, porém, de que vai enfrentar desconfianças dos investidores estrangeiros.
"Aos poucos estamos superando as desconfianças", afirmou à Folha o ministro da Fazenda, Pedro Malan, que nos últimos tempos tem-se esforçado em mostrar na Europa e nos Estados Unidos que o Brasil não é o México.
O poder de convencimento de Fernando Henrique é decisivo para que cheguem ao Brasil os recursos necessários para a viabilização da melhoria da infra-estrutura (serviços telefônicos, estradas), além do aumento do investimento privado.
Os receios ainda perduram, estimulados pelos contínuos rombos na balança comercial (diferença entre importação e exportação) e pela suspeita de que a equipe econômica não estaria afinada.
Assim como no governo norte-americano causou apreensão a abrupta elevação de tarifas de importação, o que mostra a instabilidade das regras do jogo.
"Os empresários colocam a estabilidade como prioridade", diz Joel Horn, presidente do Bank of America no Brasil.
Mais influente jornal econômico dos EUA, "The Wall Street Journal" publicou reportagem apontando desencontros na equipe econômica.
Boletins preparados por empresas de consultoria internacional que formam a opinião do sistema financeiro alertam para a fragilidade do governo brasileiro no Congresso.
Eles refletem o noticiário no Brasil sobre as derrotas do governo FHC no Congresso e informam sobre dificuldades de aprovação de pontos estratégicos da reforma constitucional que equilibrem as contas públicas e, ao mesmo tempo, facilitem os investimentos estrangeiros em setores como telecomunicações e petróleo.
Em Nova York, Fernando Henrique inicia uma romaria entre empresários e consultores capazes de melhorar a imagem do país.
Um desses consultores é o ex-secretário de Estado Henry Kissinger, com quem se encontra amanhã para café da manhã.
Influente formador de opinião nos meios financeiros, Kissinger sustenta a frase que mais alegra a equipe econômica: "O Brasil não é o México".
O primeiro encontro da romaria por investimento é no clube The Links, onde será recebido pelo presidente do Citibank, John Reed. Ali, almoça com pesos-pesados da comunidade empresarial e financeiras dos Estados Unidos.
No dia seguinte, mais explicações num almoço, patrocinado pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos.
"Há muito interesse no Brasil", diz Malan. Esse interesse foi gerado pela aumento das importações brasileiras, o potencial do mercado e a perspectiva de estabilidade a abertura ao capital estrangeiro.
O governo brasileiro tem recebido ventos a favor da imprensa americana, o que facilita a pregação de FHC.
A revista "Fortune" desta semana publica um entusiasmado editorial de seu editor-chefe, Malcolm Forbes Jr. Sobram elogios ao Plano Real (resultados "admiráveis"), e aos empresários ("competidores de classe mundial").

Texto Anterior: Alíquotas serão justificadas
Próximo Texto: EM VIAGEM
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.