São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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A vista do alto

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Fernando Henrique subindo e descendo de helicópteros, nos telejornais de ontem, foi a imagem do temor que dominou o presidente, depois das manifestações dos contras.
Nada de carro oficial, como na visita anterior ao Rio, muito menos de ônibus, como na visita ao Recife. O caminho agora é pelo alto, sobre os manifestantes orquestrados que ameaçam até bater.
Não bastasse a imagem, o próprio Fernando Henrique ainda tratou de declarar, em discurso aos militares de uma base no Rio: "Me fez bem ter estado esta manhã entre os oficiais da nossa Marinha."
Logo depois, viajou aos Estados Unidos. Perdeu boa chance de apreciar que não é só a oposição, afinal, que faz manifestação orquestrada. Tem a Força Sindical, que ameaça tomar Brasília, hoje.
"É a luta pelas reformas", dizia ontem Paulo Pereira da Silva, que é o poder afluente na central. "Vamos acender seis mil tochas na frente do Congresso. E depois vamos chamar também os aposentados."
Seis mil tochas, depois os aposentados. Pelo sim, pelo não, Fernando Henrique não quis arriscar e foi acompanhar tudo de longe, bem longe.
Onda
Gil Gomes e o Aqui Agora, depois de algumas semanas de discursos em defesa da polícia, passaram por cima das três chacinas do feriado.
Em outros canais e programas, noticiaram-se as chacinas. Quanto aos possíveis responsáveis, algumas explicações vagas, alguns pedidos de esclarecimento, nada mais.
No Jornal Nacional, "traficantes comandam onda de chacinas em São Paulo". Ou ainda, "traficantes executam viciados que dão calote". É a versão da polícia.
É a versão corrente desde a primeira das 13 chacinas do governo Covas, numa "onda" que "aterroriza municípios da Grande São Paulo".
Na Globo, nem palavra de justiceiros. No SBT, o TJ falou em "justiceiros", mas ficou por aí. Pediu investigações mas não questionou, nem governador, nem secretário.

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