São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Covas recebe vaia após discutir com professoras

ROBERTO CARDINALLI
DA FOLHA SUDESTE

O governador Mário Covas (PSDB) foi cercado e vaiado na manhã de ontem em Campinas (99 km a noroeste de São Paulo) por professores da rede estadual de ensino, em greve há 23 dias.
A concentração dos manifestantes ocorreu em frente à prefeitura durante a entrega de um helicóptero e de veículos à Polícia Militar.
Cerca de 400 manifestantes, segundo a Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo), e 300, segundo a PM, protestaram contra o impasse nas negociações salariais.
Durante o discurso de Covas, os manifestantes gritavam e faziam coro contra ele.
Acabado o discurso, Covas conversou com os jornalistas e em seguida duas professoras -uma de Atibaia (65 km a norte de São Paulo) e outra de Campinas- invadiram a área destinada às autoridades e começaram a discutir com o governador (leia texto ao lado).
Na conversa, as professoras mostraram um panfleto de campanha, distribuído no período eleitoral que antecedeu o segundo turno das eleições de 94. Nele, Covas pedia apoio dos professores e apontava suas realizações no setor quando foi prefeito de São Paulo.
O governador disse não ter condições de atender a todas as reivindicações da categoria em apenas quatro meses de governo. "Eu nunca prometi nada no primeiro ano. Recebi o Estado bem pior do que poderia imaginar."
As professoras que discutiram com Covas são Ana Margarida de Brito, de Atibaia, que trabalha há dez anos e ganha R$ 299,00, e Delza Maria Frare Chamma, professora aposentada, supervisora de ensino, em Campinas.
Após a discussão, se mostrou irritado. Saiu andando com pressa para o carro. Foi cercado e chamado em coro de "corrupto, sem-vergonha e mentiroso" pelos professores.

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