São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Professora aborda paranóia e narcisismo

DA REPORTAGEM LOCAL

Estudar, no desenvolvimento da cultura ocidental -da sociedade de massas-, elementos como a paranóia e o narcisismo foi o objetivo da tese de doutoramento da professora de psicologia Mônica Guimarães Teixeira do Amaral -"O espectro de Narciso na modernidade: de Freud a Adorno".
No contexto do trabalho da autora, paranóia refere-se ao "delírio coletivo de perseguição" que caracteriza sociedades sob regimes fascistas (a atribuição dos males de uma sociedade a um grupo como os judeus, por exemplo, como na Alemanha sob Adolf Hitler, entre 1933 e 1945). O narcisismo é basicamente o direcionamento do impulso sexual para si próprio, mas ao longo do trabalho de Amaral o conceito é trabalhado de forma mais complexa.
Para desenvolver seu estudo, Amaral discute seus conceitos através da psicanálise de Sigmund Freud e da Teoria Crítica (denominação da obra de vários pensadores que combinaram a psicanálise e a crítica do capitalismo para pensar as sociedades industriais modernas), particularmente através dos trabalhos do filósofo e sociólogo alemão Theodor Adorno (1903-1969).
Na tese, a autora procurou "apreender as tendências latentes à autodestruição da sociedade contemporânea, que encontraram seu ápice no fascismo, mas que, na atualidade, parecem ressurgir sob a configuração narcísica."
A autora se propôs a estudar as relações entre a regressão psíquica no fascismo e na sociedade de massas e entre narcisismo e paranóia. Isto é, Amaral pesquisa o resultado psíquico da "impotência dos indivíduos" diante de sociedades de uma forma ou outra totalitárias, mas sempre caracterizadas pela "irracionalidade do seu sistema social".

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