São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Nível de 'atenção' cresce 7 vezes em 94

DANIELA FALCÃO
DA REPORTAGEM LOCAL

Os índices de poluição do ar na cidade de São Paulo, que vinham caindo desde 1987, voltaram a aumentar no ano passado.
Enquanto em 1993 foram declarados seis estados de atenção, em 1994 esse número pulou para 43 (veja quadro ao lado).
Os estados de atenção são decretados sempre que as estações medidoras de ar da Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) detectam nível de poluentes maior do que o permitido por lei.
Essas estações medem dois tipos de poluentes: partículas inaláveis (poeira) e monóxido de carbono (CO). Os carros são os maiores responsáveis pela emissão desses dois tipos de poluentes.
A legislação estabelece que a quantidade de CO no ar não deve ultrapassar 9 partes por milhão.
Em 2 de julho do ano passado, a estação medidora da Cetesb em Congonhas (zona sul de São Paulo) detectou 29,1 partes por milhão de CO no ar da cidade.
Se este índice tivesse chegado a 30 partes por milhão teria sido decretado estado de alerta. Neste caso, todas as fábricas da área teriam que paralisar seus processos industriais e seria desestimulada a circulação de carros na região.
O aumento dos níveis de poluição foi causado pelo aumento de carros nas ruas de São Paulo após o real. A frota circulante (veículos que trafegam pelas ruas da cidade) cresceu 10%, passando de 3,3 milhões para 3,6 milhões.
O crescimento da frota fez com os engarrafamentos aumentassem. Isso contribuiu para elevar os índices de poluição porque carros em marcha lenta poluem duas vezes mais do que quando circulam livremente.
Para o secretário municipal do Verde e Meio Ambiente, Werner Zulauf, a única maneira de evitar que os índices de poluição durante o inverno de 1995 não ultrapassem os do ano passado é diminuir o tráfego na cidade durante o horário de trânsito intenso.
"Estamos no limite de saturação do tráfego por causa do aumento da frota. Para reverter esse quadro é preciso reduzir o volume de carros circulando em pelo menos 20%", disse o secretário.
Para Zulauf, nos dias em que as condições do tempo forem desfavoráveis à dispersão de poluentes (dias secos e sem ventos), a única solução será a restrição da circulação de parte da frota.
"Acho que a proposta do governo do Estado é muito radical porque o rodízio duraria todo o inverno. Isso tumultuaria demais a vida das pessoas. Mas nos momentos críticos, quando os índices de poluição estiverem ameaçando a saúde das pessoas, não haverá outra alternativa" disse Zulauf.

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