São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Páscoa foi a melhor em 5 anos

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

O comércio comemora a melhor Páscoa dos anos 90. Mas os lojistas não apostam que abril feche com crescimento de vendas. A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), por exemplo, prevê queda de até 15% neste mês em relação a março.
Para os comerciantes, a população atingiu o limite da sua capacidade de consumo. Além disso, abril tem quatro dias úteis a menos e, daqui para frente, não há uma nova data comemorativa que dê fôlego às compras neste mês.
"Foi a melhor Páscoa dos anos 90", diz Wilson Tanaka, presidente do Sincovaga, que reúne os pequenos supermercados.
Os números da ACSP confirmam esse desempenho. A média diária de vendas à vista foi 17% maior na semana da Páscoa em relação a semana anterior. Os negócios a prazo cresceram 1,2%, no mesmo período.
"Essa tendência de crescimento não vale para o mês todo" diz Marcel Solimeo, economista da ACSP. O encurtamento dos prazos do crediário e a maior seletividade das lojas nas vendas a prazo devem, segundo ele, enfraquecer os negócios de agora em diante.
Só na primeira quinzena de abril, as vendas à vista e a prazo acumulam queda de 5% na comparação com o mesmo período de março, revela pesquisa da ACSP.
Omar Assaf, vice-presidente da Associação Paulista de Supermercados, diz que as vendas de abril não devem fechar com crescimento em relação às de março, apesar de os supermercados terem comercializado nesta Páscoa 20% mais de ovos de chocolate e 30% mais de bacalhau na comparação com o ano anterior.
Motivo: o nível de endividamento do consumidor é alto. Segundo a ACSP, o atraso no pagamento do crediário cresceu 52,6% entre os dias 1º e 9 de abril sobre o mesmo período de março.
Indústria
A indústria de chocolates está mais do que satisfeita com o desempenho desta Páscoa.
As fábricas faturaram US$ 140 milhões com a produção de 10 mil toneladas de ovos de chocolate, 25% mais do que na mesma data de 1994.
"Nossa produção foi recorde", diz Getúlio Ursulino Neto, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Balas e Derivados.
A Lacta, por exemplo, conseguiu um fato inédito: até às 12h de ontem nenhum produto havia sido devolvido. "Até os ovos quebrados ou derretidos foram vendidos", diz Alaís Valentini Fonseca, gerente de marketing da empresa.
O maior índice de devolução de ovos de chocolate registrado pela empresa foi em 1992. Na Páscoa desse ano, 27% dos produtos retornaram à fábrica.
A Lacta despejou no mercado 43 milhões de ovos nesta Páscoa, 15% mais do em 1994. "Poderíamos ter crescido 30% que haveria mercado", diz Alaís.
Inicialmente, a empresa planejava crescer 7% a produção de ovos de chocolate. Mas com o aumento de 15% nas vendas de chocolates por causa do real, a Lacta decidiu rever a oferta de ovos.

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