São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Fernanda Venturini já admite jogar vôlei de praia

SÉRGIO KRASELIS
DA REPORTAGEM LOCAL

A levantadora Fernanda Venturini, 24, já pensa em trocar as quadras pela praia.
Campeã brasileira no último sábado pela Superliga Nacional, Fernanda admitiu que pode jogar no vôlei de praia a partir do final de 96 ou início de 97.
"Por enquanto é apenas uma idéia", disse a jogadora à Folha, por telefone, de sua casa em Ribeirão Preto (319 km ao norte de São Paulo).
Se a idéia vingar, Fernanda forma dupla com a meio-de-rede Ana Paula, com quem jogou esta temporada no Leite Moça/Sorocaba.
Titular da seleção brasileira, Fernanda diz que não pensa em parar de defender a equipe.
"Pelo menos até a Olimpíada de Atlanta estou na seleção. Depois, quero dar um tempo", afirma. A seguir, os principais trechos da entrevista.

Folha - Qual a análise que você faz da Superliga Feminina?
Fernanda Venturini - Acho que foi legal, mas os jogos da fase semifinal e final deveriam ser disputados em ginásios maiores. Como jogadora, reclamo do fato de a semifinal ter sido disputada num playoff melhor de cinco jogos. Não tem necessidade. Tinha que ser igual ao ano passado: melhor de três e só a final melhor de cinco. É muito desgastante.
Folha - Jogar em um time que conta com três titulares da seleção ajudou na conquista do título brasileiro?
Fernanda - Bem, o Leite Moça é um time muito bom. Adorei jogar em Sorocaba. O clube tem uma estrutura fantástica, que começa com o motorista do ônibus e termina no presidente.
E todo o grupo se deu bem. Não tivemos nenhum tipo de problema, fofoca, inveja. E num time onde tudo corre bem fora da quadra só pode dar certo dentro da quadra.
Agora, acredito que o Leite Moça foi mais esperto em contratar a mim, a Ana Moser e a Ana Paula. Temos muito entrosamento.
E o fato de termos jogado o ano passado na seleção só veio contribuir para que esse ano também tivéssemos sucesso no clube.
Folha - O que precisa melhorar no vôlei brasileiro?
Fernanda - Falta rever no feminino -no masculino nem tanto- as categorias de base. Temos que pensar nisso sempre. Daqui a pouco estou parando de jogar, assim como a maioria das jogadoras da minha geração, como Ana Moser, Márcia Fu e Ida.
Não vejo uma geração atrás da nossa que possa nos substituir à altura. Por isso, é preciso fazer um trabalho de base.
Não quero dizer com isso que não existam jogadoras para renovar, mas é preciso investir. Só assim vão surgir jogadoras para nos substituir quando decidirmos pela aposentadoria.
Folha - Qual foi a jogadora que te surpreendeu nessa temporada?
Fernanda - A Fernanda Doval (atacante do BCN/Guarujá). Já havia visto ela jogar, mas este ano ela melhorou muito. Fez um trabalho para adquirir força muscular e acho que ela pode ser a sucessora da Ana Moser.
Além disso, ela tem altura (1,90 m), que é o grande problema do vôlei feminino brasileiro.
E na sua posição?
Fernanda - É difícil (risos). Não é falta de modéstia, mas, por enquanto terei que me aguentar mais um tempo.
Folha - Quanto tempo?
Fernanda - Acho que até a Olimpíada de Atlanta. Depois não sei se continuo na seleção. Aí vou rever minha vida, ver o que fazer. Mas até 96 estou na seleção.
Folha - Você já pensou no que fazer?
Fernanda - Talvez começar a jogar vôlei de praia.
Folha - Já tem uma parceira?
Fernanda - É a Ana Paula. Já conversamos sobre o assunto e a vontade existe. Agora, isso só aconteceria no final de 96 ou talvez no começo de 97. A vontade existe, mas até o assunto se concretizar é um longo caminho.
Folha - O que te atrai no vôlei de praia?
Fernanda - A tranquilidade. Você faz o seu horário, mesmo tendo que treinar em dobro, o que é mais difícil. Mas isso depende de você e da sua companheira. Além de tudo, adoro sol.
Não que eu vá largar tudo para ficar só com a areia. São planos, mas é uma coisa que passa pela minha cabeça e passando já posso até pensar. Isso não significa que eu vá abandonar os clubes.
Folha - O que o Bernardinho (Bernardo Rezende, treinador da seleção) diz a respeito disso?
Fernanda - Ele fala que vai ser o nosso técnico (risos).
Folha - Quais os seus planos imediatos com a seleção?
Fernanda - Bom, vou tirar alguns dias de férias. Só me apresento à seleção no dia 22 de maio e no dia 10 de junho viajo com o time para a Suíça.
Folha - As cubanas ainda são as maiores rivais da seleção?
Sem dúvida. Até a Olimpíada. Mas a Rússia também está com um timaço para Atlanta.
Folha - Você continua namorando com o Maurício (levantador da seleção brasileira)?
Fernanda - Não. Agora somos apenas superamigos.

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