São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

É só a foto na parede, mas como brilha

MATINAS SUZUKI JR.
EDITOR-EXECUTIVO

Meus amigos, meus inimigos, amanhã é dia de gala no futebol do Primeiro Mundo. Para mim, uma final entre Ajax e o Milan (já que ele tem mais chances do que o time do Raí) seria a mais mágica.
Vamos ver o que nos reservam os deuses da bola no Velho Continente.

Até agora, dos grandes paulistas, o time com mais regularidade e com mais pinta de chegada é o Palmeiras.
Que está certo ao querer o Renato: um jogador experiente para as grandes finais que virão por aí. E, além do mais, é um jogador que costuma dar muita sorte.

Na quinta passada, fui encontrar com alguns amigos na gravação do "Manhattan Connection". O estúdio fica no andar da televisão da agência Reuters, na Terceira Avenida, em Nova York.
Na decoração da sala de espera, revejo uma das fotos mais impressionantes da história dos registros do futebol. É da Copa de 94 e flagra o gol de falta do búlgaro Stoichkov contra a Alemanha.
A foto é uma perfeição de ritmo, de harmonia, de força, mas também de plasticidade física, um instantâneo que revela muito de uma mágica que é o futebol.
O atacante da Bulgária e do Barcelona acaba de cobrar a falta, com o corpo inclinado para trás. A bola está passando por cima da barreira. Uma barreira quíntupla, em salto de coreografia belíssima.
No ar, estão monstros sagrados como Matthaus, Klinsmann, Voeller. A bola vai derrotá-los. Ainda sem saber de onde virá o tiro, o atônito goleiro alemão, que seria responsabilizado pela derrota.
A Alemanha, você se lembra, foi eliminada -em um dos resultados mais surpreendentes das histórias da Copas. Esta foto, que o "'The New York Times" deu na capa, ficou na minha memória.
Que a Reuters a tenha escolhido para ficar no hall de um dos seus escritórios, para mim foi motivo para mais uma pequena, íntima e doce alegria no futebol.

Questões de etimologia são sempre interessantes. É, naturalmente, sempre impreciso o rastro das palavras. As pistas ficam mais difusas ainda quando alguém contribui para a confusão.
É o caso desta coluna. Felizmente, o André Zadrosny, do Rio, corrige que o "U-tererê" vem de "Whoomp! There it is", gravado pelo Tag Team, para uso e abuso da funkadaria carioca.
Confusões de etimologia levadas por uma confusão de camarim. Da qual, Caetano Veloso também não tem culpa, porque ele se referia a outro brado da torcida inglesa e eu troquei as bolas.
Se a vida tivesse me permitido continuar frequentando os bailes do "Chic Show", seria mais difícil pisar na bola e na etimologia deste jeito . U-tererê para você também, André.

Por falar em torcida inglesa, é horrível, mas é um tipo de futebol que eu gosto de ver, o futebol "natural born killers" exibido pelo Blackburn pelo Manchester City, ontem. Um tipo de futebol punk.
Muita chuva, suor e cerveja.

Texto Anterior: Caio diz que não foi ruim
Próximo Texto: A NBA e o mundo
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.