São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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A vingança do telefone

MARIA ERCILIA
EDITORA-ADJUNTA DO MAIS!

O Iphone é um daqueles ovos de Colombo. Por que ninguém tinha pensado nisso antes? É um programinha que emula o telefone através da Internet, e usa o IRC para conectar as ligações. Tem um pequeno atraso para o som chegar (tipo um pouco pior que telefonar para o Japão), mas fora isso a qualidade é ótima.
E pra que telefonar pela Internet? Para tirar o pó do microfone? Preço, homem branco. Você paga a licença do software (US$ 25), paga o acesso à Internet e estamos conversados. Ou melhor, começamos a conversar.
O Iphone é comercializado por uma empresa israelense, a Vocaltec. Já tem uns similares por aí: o NetPhone, o Maven (para Macintosh) e o IVC.
No domingo o administrador do Iphone, Jeff Pulver, deixou uma mensagem na caixa postal de seus assinantes, dizendo que tinha visto o nome de Nelson Mandela entre seus usuários. Ele queria saber com quem Mandela estava falando...
Já tem empresa telefônica "normal querendo entrar nesse negócio, e provedores de Internet como a Compuserve e a Netcom oferecem suporte para o Iphone. Demorou, mas a Internet descobriu o telefone.
Tecno-utopias
O futuro nunca está onde a gente procura. Graham Bell inventou o telefone achando que seria terrivelmente útil... para transmitir concertos à distância. A idéia dele era que os telefones seriam um serviço pago, que transmitiria música para os seus assinantes, uma espécie de "rádio a cabo.
Lord Tennyson achava que o telégrafo ia acabar com as guerras e trazer um "parlamento mundial (!). Já ouvi louvores ao correio eletrônico que, francamente. Um editorial do "Washington Post outro dia dizia que o e-mail vai acabar com as fronteiras nacionais. Se fosse fácil assim. Mas essa fé cega e destrambelhada no poder transformador das máquinas é muito americana, e no fim não dá nem para saber se a tecnologia empurrou a ideologia ou vice-versa.
A história se repete das formas mais inesperadas. As grandes empresas de telégrafos norte-americanas fizeram troça do telefone. Diziam que jamais seria um meio de comunicação confiável como o telegrama, que só servia como curiosidade. Parece familiar, não? É exatamente o que empresas telefônicas como a Bell dizem hoje da Internet.
Foi só quando Bell teve a idéia de que o telefone deveria ser um meio de comunicação privado foi que ele emplacou.
E o "Telefon Hirmondo+? Era um serviço que funcionava em Budapeste (Hungria), a partir de 1893. A uma certa hora do dia, o telefone tocava, aí bastava ligar e ele transmitia notícias, novelas lidas em voz alta, programação cultural e serviços outros. Era uma espécie de avó telefônica da Compuserve, que funcionou até depois da Primeira Guerra. Nenhuma novidade é tão nova assim...
O e-mail de NetVox é folha sol.uniemp.br.

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