São Paulo, terça-feira, 18 de abril de 1995
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Grupo Tapa estréia hoje em São Paulo a peça 'A Casa de Orates'

DANIEL PIZA
DA REPORTAGEM LOCAL

Peça: A Casa de Orates
Autores: Aluisio e Artur Azevedo
Grupo: Tapa
Onde: Teatro Aliança Francesa (r. General Jardim, 182, tel. 011/259-0086, região central de São Paulo)
Quando: estréia hoje, às 21h
Temporada: terças, às 15h e às 21h; quartas, às 18h30

Estréia hoje em São Paulo um "vaudeville naturalista": a peça "A Casa de Orates", de Aluisio e Artur Azevedo, que será encenada pelo Grupo Tapa às terças e quartas no Teatro Aliança Francesa.
Os irmãos Artur (1855-1908) e Aluisio (1857-1913) escreveram o vaudeville em 1882 sobre um tema que dominava a época: a teoria da evolução de Darwin (1809-1882).
Vaudeville é uma comédia satírica, em geral de costumes. Em "A Casa de Orates" a sátira aponta contra os conceitos de saúde e loucura dos cientistas da época -"orates" quer dizer "louco".
Esse universo de cientificismo, essa crença de que a ciência pode resolver todos os problemas da humanidade com classificações e prevenções, explica o adjetivo "naturalista" dado pelos irmãos.
Mas apenas Aluisio, autor de "O Cortiço" (1890), foi praticante do estilo que os estudiosos classificaram de naturalismo, em que o ser humano é visto em seus condicionamentos biológicos.
Artur, hoje bem menos conhecido que o irmão (leia texto abaixo), nunca foi naturalista -assim como Aluisio não escrevia vaudevilles. A mistura é o que fascina o diretor da atual montagem, Brian Penido: "O tema é absurdo num vaudeville", diz.
E o enredo é igualmente absurdo. A peça conta a história do Comendador Manuel (Luiz Santos Baccelli), que organiza um exame médico coletivo para encontrar um marido saudável -ou "evoluído"- para sua filha.
No acúmulo de situações patéticas e equívocos recorrentes, o texto vai quebrando as cadeias de causa e efeito em que os cientistas da época tanto acreditavam (todo fenômeno natural, para eles, é consequência de uma só coisa).
O que parece resolver, na peça, acaba por embaralhar. À montagem, portanto, cabe a bagunça.

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